Eduardo Bolsonaro desiste da indicação para embaixador e livra o Brasil de novo vexame

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) anunciou na noite desta terça-feira (22), em discurso no plenário da Câmara, que desistiu da indicação para comandar a Embaixada brasileira em Washington. A decisão manda pelo ralo um capítulo da epopeia do presidente da República que, em transmissão feita pela internet em julho, revelou sua disposição para beneficiar o filho. “É filho meu, pretendo beneficiar, sim”, disse Bolsonaro na ocasião.

A tentativa de entronar o filho na mais importante representação diplomática brasileira foi justificada com o bestiário oficial: “Se eu puder dar o filé mignon para o meu filho, eu dou. Mas não tem nada a ver com filé mignon essa história aí. É, realmente, nós aprofundarmos um relacionamento com um país que é a maior potência econômica e militar do mundo”, disse o presidente durante a transmissão.

O anúncio de Eduardo Bolsonaro foi feito durante a votação do projeto que ratifica os termos do acordo entre Brasil e Estados Unidos para o uso, pelos norte-americanos, da base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão.

Na segunda-feira (21), o presidente Bolsonaro, que está no Japão, disse que o melhor seria o filho permanecer no Brasil para “pacificar” o PSL, partido ao qual é filiado e que vive uma crise quase sem fim e que promete novos capítulos recheados de tensão e surpresas.

Desde que o presidente da República revelou seu plano para a Embaixada em Washington, Eduardo Bolsonaro senadores com o intuito de conquistar apoio à indicação. Contudo, o “Zero Três”, como é conhecido o parlamentar, enfrentou resistência de alguns senadores, o que fez com que o Palácio do Planalto redobrasse a cautela em relação ao tema.


A situação piorou sobremaneira no rastro da crise que ainda sacode o PSL, principalmente depois que uma gravação revelou conversa telefônica em que o presidente da República pedia apoio a um deputado para emplacar o filho na liderança da legenda na Câmara.

Apesar dos fatos, Eduardo Bolsonaro negou que tenha desistido da representação diplomática por causa do apelo do pai. Disse também que vinha alimentando essa possibilidade, decisão que amadureceu com a crise partidária.

“Foi uma decisão que eu estava pensando há muito tempo. A gente escuta conselho de muita gente. Além disso, tem a questão do meu eleitorado. Confesso, não era a maioria que estava apoiando ali”, declarou Eduardo aos jornalistas. “Seria um papel a ser desempenhado, mas aqui no Brasil também eu acho que tenho um papel tão importante quanto ou talvez mais”, afirmou.

“Não, o presidente sempre me deixou bem à vontade com relação à isso. Eu confesso que quando saiu o meu nome, quando fui indicado, eu fiquei até surpreso, não esperava que isso acontecesse. Num primeiro momento eu fiquei feliz sim, óbvio. Quem não se sente prestigiado para assumir esse posto? Porém, no decorrer do processo, com amadurecimento, conversas, e etc., foi me fazendo pensar e culminou hoje aqui com essa decisão”, ressaltou.

Fato é que a crise no PSL serviu de tábua de salvação para Eduardo Bolsonaro, que com o passar do tempo percebeu que sua indicação como embaixador não prosperaria no Senado.

Além disso, seu despreparo no tocante à política internacional tornou-se tão evidente, que a preocupação dos senadores cresceu nas últimas semanas. Mesmo assim, o filho do presidente afirmou recentemente que estava estudando muito sobre política internacional, visando à sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado. O Brasil agradece!