“Rei Arthur” confirma pagamento de propina para escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016

Preso na última sexta-feira (25) em Miami (EUA), o empresário Arthur Menezes Soares Filho, conhecido nos bastidores da política fluminense como “Rei Arthur”, confirmou o esquema de pagamento de propina para que a cidade do Rio de Janeiro fosse escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O pagamento de recursos ilícitos foi feito a delegados africanos do Comitê Olímpico Internacional (COI).

A revelação de Soares Filho faz parte dos termos do acordo de colaboração premiada que tramita ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ), o que evitou que o empresário fosse deportado para o Brasil no ato de sua detenção.

Em 2017, quando foi deflagrada a Operação Unfairplay, autoridades que participam das investigações no âmbito da Lava-Jato afirmaram que Arthur Menezes teria utilizado a offshore Matlock Capital Group para transferir US$ 2 milhões para a conta bancária de Papa Diack, filho de Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo, a maior federação olímpica.

A transferência dos recursos foi realizada a partir de uma conta bancária da offshore nos Estados Unidos. O pagamento de propina a Papa Diack foi confirmado em julho passado pelo ex-governador Sérgio Cabral Filho (MDB), em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.


Outro pagamento, no valor de US$ 10,4 milhões, foi feito a Cabral Filho, através de conta que o doleiro Renato Chebar mantinha no EVG Bank. Esta transação foi comprovada por documentos fornecidos pelas autoridades de Antigua e Barbuda, e por Enrico Machado, doleiro e gestor do EVG, além de colaborador da Operação Calicute, que levou Cabral à prisão.

Segundo o jornal “O GLOBO”, o acordo de colaboração premiada será homologado pela Justiça norte-americana no momento em que as autoridades locais conseguirem comprovar as informações prestadas por “Rei Arthur”. Na sequência, a Justiça dos EUA definirá o valor da multa a ser paga por Arthur Soares Esse cenário jurídico não elimina a possibilidade de Soares ser condenado à prisão, pena que será cumprida nos Estados Unidos, mas exclui, por enquanto, sua extradição.

Arthur Soares foi preso pelo serviço de imigração dos EUA – U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS) – quando solicitou renovação do visto de permanência no país. O empresário foi liberado pelas autoridades locais assim que seus advogados apresentaram os documentos relativos ao acordo de colaboração premiada com a Justiça norte-americana.

Por ocasião da candidatura do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos, o UCHO.INFO afirmou, a exemplo do que fez à época da escolha do Brasil como palco da Copa do Mundo de 2014, que as autoridades brasileiras agiram com monumental irresponsabilidade, ao passo que os representantes do COI cometeram um erro crasso. Por questões óbvias, fomos duramente criticados, apenas porque afirmamos que o País tinha, como ainda tem, problemas mais graves e urgentes à espera de solução, além de ser desprovido de condições para sediar evento de tamanha magnitude. Eis o resultado!