Pedido de Fachin para investigar compra de votos por Eduardo Cunha deveria ser amplo e irrestrito

Relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luiz Edson Fachin determinou a abertura de inquérito para apurar se o ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ) comprou votos para garantir sua eleição à presidência à Casa legislativa, em 2015.

Cunha, condenado e preso na esteira da Lava-Jato, teria apoiado financeiramente as campanhas eleitorais de vários candidatos à Câmara dos Deputados nas eleições de 2014, como noticiou o UCHO.INFO à época dos fatos. A eleição para o comando da Câmara aconteceu em 1º de fevereiro de 2015, quando começaram os trabalhos daquela legislatura.

São alvo do pedido de investigação o próprio Eduardo Cunha, os deputados federais Carlos Bezerra (MDB-MT), Mauro Lopes (MDB-MG) e José Priante (MDB-PA). Também serão investigados, de acordo com o pedido de Fachin, os seguintes políticos: Newton Cardoso Júnior, Soraya Santos, Vital do Rêgo, Fernando Jordão, Geraldo Pereira, Manoel Júnior, Marçal Filho, Henrique Alves, Leonardo Quintão, Saraiva Felipe, João Magalhães, Toninho Andrade, Alexandre Santos e Sandro Mabel.

De acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR), o grupo teria recebido R$ 30 milhões no ano de 2014 para que Cunha fosse eleito “para fazer contraponto à então presidente Dilma Rousseff”.


Segundo delação, o dinheiro teria sido repassado através de doações legais, entregas em dinheiro vivo, e emissão de notas fiscais sem a respectiva prestação do serviço descrito.

É importante ressaltar que compra de votos é prática costumeira na Câmara dos Deputados e não causa indignação em quem acompanha a política nacional com mais afinco. Esse procedimento criminoso é adotado em vários níveis, desde a disputa pela liderança de um partido até a presidência da Casa legislativa, passando pelo comando de comissão permanentes de relevância.

Em matéria publicada em 5 de maio de 2016, o UCHO.INFO alertou para o fato de Cunha ter financiado dezenas de campanhas eleitorais, o que poderia levar o então presidente da Câmara a “cair atirando” caso fosse ejetado definitivamente do posto, o que aconteceu meses depois. Naquela data, Eduardo Cunha foi afastado em caráter temporário da presidência da Casa legislativa.

Considerando que a determinação do ministro Luiz Edson Fachin (STF) para a abertura de investigação visa moralizar a política nacional – é o que se espera desse pedido – que o magistrado estenda essa apuração para todo o Congresso. Até porque, Eduardo Cunha não pode ser “demonizado” por ser o único a adotar tal prática. O ex-deputado deve ser investigado, processado e condenado, se for o caso, mas que a isonomia prevaleça.