PSL dá o troco no presidente da República e suspende Eduardo Bolsonaro das atividades partidárias

Na política há muitos ditados, alguns marcados pelo maquiavelismo, mas ao menos uma dessas máximas é temida pelos que gravitam na órbita do poder: “a vingança é um prato que se come frio”. Como sempre afirma o editor do UCHO.INFO, a política nacional é um jogo bruto e senta-se à mesa apenas quem sabe jogar.

Acostumado a arroubos totalitaristas, a família de Jair Bolsonaro não aceita o contraditório, ao mesmo tempo em que insiste em atropelar aqueles que têm opiniões adversas. Depois de tentar, sem sucesso, tomar o PSL de assalto, o clã presidencial partiu para a criação de nova legenda, o Aliança Pelo Brasil, que depende do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para participar das eleições municipais do próximo ano.

O objetivo da família presidencial era não apenas controlar o PSL, mas colocar as mãos nas verbas dos fundos partidário e eleitoral a que a legenda tem direito. Para se ter ideia do que isso representa, somente em 2019 o PSL embolsou aproximadamente R$ 110 milhões de fundo partidário. Para o próximo ano, o partido deve rechear os cofres com cifra próxima de $ 360 milhões, considerados os recursos de ambos os fundos. Bolsonaro e 23 parlamentares ingressaram no TSE para pedir o bloqueio do fundo partidário do PSL, mas a chance de sucesso é quase nula.


Avessos ao contraditório e crentes que podem impor a vontade à força, Jair Bolsonaro e os filhos começam a colher os frutos desse autoritarismo tosco e rasteiro. Depois do anúncio da criação do Aliança, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), aquele que foi embaixador sem jamais ter sido, esperava ser expulso do partido para embarcar na legenda criada pelo pai.

Com o script seguindo caminho diferente do almejado, Eduardo teria que, em tese, aguardar a próxima janela partidária para migrar ao Aliança e manter o mandato, já que o Supremo Tribunal Federal decidiu que o mandato decorrente de eleição proporcional pertence ao partido, não ao eleito.

Apesar de estar em pé de guerra com o PSL, Eduardo Bolsonaro continuava dando ordens na Câmara dos Deputados, com direito a liderar o partido na Casa legislativa e presidir a Comissão de Relações Exteriores. A partir desta terça-feira (3), o filho do presidente da República não mais poderá falar em nome do PSL, uma vez que o diretório nacional da legenda decidiu suspendê-lo das atividades partidárias pelo período de doze meses. Ou seja, Eduardo terá de se contentar com o direito de exercer o mandato eletivo e nada mais.

Com a decisão tomada nesta terça, a direção do PSL dá o troco em Jair Bolsonaro, que, após ser contrariado, saiu atirando contra o presidente nacional da sigla, deputado federal Luciano Bivar (PE). De acordo com as regras atuais, a próxima janela partidária será em março de 2022, ou seja, seis meses antes das próximas eleições.