Sem compostura, Jair Bolsonaro depende da delinquência intelectual para manter o discurso de ódio

(*) Ucho Haddad

Nada pode ser mais bizarro do que o radicalismo político de um governante que tenta se vender como democrata. Esse é o caso de Jair Messias Bolsonaro, um despreparado assumido que continua apostando na fermentação do discurso de ódio para garantir a divisão da sociedade e agradar sua súcia. Como afirmei ao longo da corrida presidencial de 2018, Bolsonaro é mais do mesmo, ou seja, é fruto daquilo que ele próprio condena e chama de “velha política”.

Em muitos de seus populistas discursos, o agora presidente da República disse que, se eleito, faria tudo de um jeito novo e diferente, mas o que tenho visto é a manutenção do status quo ao som de um palavrório tosco e radical, que agrada apenas e tão somente a massa ignara que o aplaude. Sob a batuta da insanidade, Bolsonaro vem colecionando tropeços e recuos em seu primeiro ano como inquilino do Palácio do Planalto, sempre alegando que suas decisões estão amparadas no conservadorismo e na preservação da família.

Na verdade, o que Bolsonaro tem feito é empurrar cada vez mais o País na direção do retrocesso e do obscurantismo, apenas porque seu desejo é manter em marcha a receita que o levou ao poder central: o revanchismo ideológico. Essa receita está sendo endossada pela elite bastarda brasileira, que não consegue ver os menos favorecidos em ascensão social ou almejarem patamares de vida ligeiramente melhores. Basta ouvir nos quatro cantos as conversas à boca pequena.

Em 21 de outubro de 2018, há uma semana do segundo turno da disputa presidencial, o então candidato do PSL afirmou, em discurso transmitido por videoconferência aos apoiadores que se aglomeravam na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo: “Temos o melhor povo do mundo, a melhor terra do planeta, e vamos com essa nova classe política construir realmente aquilo que nós merecemos”. Em seguida, Bolsonaro emendou: “Será uma limpeza nunca visto (sic) na história do Brasil.”

Há quem diga que chamar Jair Bolsonaro de fascista é crime, mas isso é sinal de desespero da ensandecida turba que o apoia. E se crime de fato for, não abro mão de chamá-lo de fascista, pois seu comportamento tosco tem semelhanças com a existência totalitarista do italiano Benito Mussolini. Alguns alegam que o correto seria afirmar que Bolsonaro é um neofascista, mas não abracei o ofício do jornalismo para ficar em cima do muro ou para fazer uso de meias palavras. É fascista, sim, e ponto final.

Para defender o filho Flávio, senador pelo Rio de Janeiro e encalacrado no escândalo das “rachadinhas”, operadas pelo amigo e “irmão camarada” Fabrício Queiroz, o presidente da República não tem poupado esforços nem estultices. Acredita que por estar no comando do Executivo federal tem o direito de ofender a todos que o contrariam, inclusive cometendo crimes contra a honra alheia.

Como afirmei anteriormente, Bolsonaro é um delinquente intelectual que acredita ser um “enviado de Deus”, mas na verdade não passa de preposto mequetrefe de lúcifer, pois suas atitudes são típicas de estafetas da recepção do inferno.

No momento em que afirma ter certo jornalista “cara de homossexual horrível”, o presidente não apenas mostra seu grau de desespero diante do escândalo envolvendo o filho, que também pode levá-lo de roldão, mas abre o flanco para revides, que só não ocorreu naquele momento porque o profissional de imprensa em questão preferiu manter aquilo que Bolsonaro não tem: compostura.

Que Jair Bolsonaro é homofóbico declarado todos sabem, mas por força do cargo o presidente tenta manter as aparências e o tal do “politicamente correto”, mesmo que vez por outra ultrapasse as fronteiras do bom senso e do aceitável.

Em 2001, em entrevista à revista Playboy, Bolsonaro não deixou dúvidas acerca da sua porção homofóbica ao declarar que “seria incapaz” de amar um filho homossexual, não sem antes afirmar que ter um casal gay como vizinho desvaloriza imóveis. “Sim, desvaloriza! Se eles andarem de mão dada, derem beijinho, vai desvalorizar”, declarou.

Na ocasião, Bolsonaro foi além na entrevista concedida à publicação: “Para mim é a morte. Digo mais: prefiro que morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo”.

Por diversas vezes em meus textos tratei de um assunto que agora retomo por entender necessário: a projeção. E Bolsonaro, além de fascista, precisa procurar com demasiada urgência ajuda de um profissional da área da psique, pois a Psicologia considera a projeção um mecanismo de defesa no qual os atributos indesejados de determinada pessoa são transferidos a terceiros.

Resumindo, é fato que Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz são protagonistas de um intrincado caso de polícia, mas o presidente ainda tem esperança de ganhar do “amigo secreto”, neste Natal, um vale-consulta com o psicólogo da esquina mais próxima. E tenho dito!

(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, escritor, poeta, palestrante e fotógrafo por devoção.

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