Escândalo envolvendo Wajngarten continua em banho-maria, mas Secom volta a atacar a Folha

A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) publicou, nesta segunda-feira (20), nota em que nega qualquer favorecimento no repasse de verba publicitária à agência de propaganda Artplan, cliente da empresa de propriedade de Fábio Wajngarten, titular da pasta.

No comunicado, a Secom aproveitou para mais uma vez criticar o jornal “Folha de S.Paulo”, que na última semana passada revelou ser Wajngarten sócio majoritário da FW Comunicação, que recebe valores financeiros de emissoras de televisão (Record e Band) e de agências contratadas pela Secretaria e por ministérios e estatais do governo Bolsonaro.

Há nesse caso um flagrante conflito de interesses, assunto mais do que grave e que justifica o imediato afastamento de Fábio Wajngarten da Secom, algo que não ocorreu porque o presidente da República não tem coragem para tanto, além de alimentar interesses nas relações com as citadas emissoras de TV.

Nesta segunda-feira, a Folha demonstrou em nova reportagem que a Artplan passou a liderar o ranking de o recebimento de verbas distribuídas pela Secom. Sob a batuta de Wajngarten, a agência recebeu da Secretaria, entre 12 de abril e 31 de dezembro de 2019, R$ 70 milhões, valor 36% maior do que o pago no mesmo período do ano anterior (R$ 51,5 milhões).

De acordo com a nota da Secom, a reportagem da Folha é ‘caluniosa e covarde”. A secretaria afirmou que Artplan foi a agência que mais faturou em 2019, mas isso não ocorreu por ser cliente de Fábio Wajngarten.

“A Artplan ganhou uma concorrência interna entre as agências com contratos com a Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República realizada na gestão anterior e não da de Fábio Wajngarten para realizar a maior campanha do governo em 2019, a da Nova Previdência”, destacou a Secom.

“O mau jornalismo praticado pela Folha de S.Paulo se transformou em abjeta campanha persecutória, inaceitável e incompatível com que determinam a ética e os bons costumes do bom e sério jornalismo”, enfatizou a Secretaria na nota.

Há no caso em questão uma inequívoca violação da Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013, também conhecida Lei de Conflito de Interesses, que proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões.

Jair Bolsonaro preferiu manter Wajngarten no cargo, mesmo sabendo dos riscos decorrentes da sua decisão, pois demiti-lo seria reconhecer a eficácia do jornalismo da “Folha de S.Paulo”, com quem o presidente trava uma interminável queda de braços, iniciada com o episódio envolvendo Wal do Açaí, “funcionária fantasma” do gabinete do então deputado federal que agora ocupa o principal gabinete do Palácio do Planalto.