Coerência zero – Quando o Paraguai, cumprindo a Constituição do país, afastou da presidência o ex-padre Fernando Lugo, o governo brasileiro protestou com veemência, alegando se tratar de um golpe. Qualquer ação, mesmo que legal e constitucional, contra a esquerda chicaneira da América Latina, é considerada golpe. A retaliação ao novo governo paraguaio veio logo em seguida, com a suspensão temporária do país do Mercosul e a inclusão da Venezuela no bloco econômico, que estava na dependência do voto do Paraguai.
Situação idêntica ocorreu quando o fanfarrão e golpista Manuel Zelaya decidiu mudar a Constituição de Honduras para se perpetuar no cargo de presidente. Zelaya foi apeado do cargo, expulso do país, para onde voltou ilegalmente e tentou dar um golpe. Fracassado em sua tentativa de esquerdista festivo, Manuel Zelaya se refugiou na embaixada do Brasil, que às custas do suado dinheiro do contribuinte brasileiro foi transformado em SPA ideológico de um insano adepto do totalitarismo. Mesmo assim, o Palácio do Planalto considerou como golpe o movimento que baniu da política local o golpista Zelaya.
Mas a compreensão do governo brasileiro acerca de golpe é muito diversa e depende da situação. Quando, em 9 de dezembro passado, o tiranete Hugo Chávez partiu para Havana, onde se submeteu a nova e arriscadíssima cirurgia para conter a metástase de um sarcoma que se espalhou a partir da região pélvica e alcançou o intestino e a medula, o ucho.info, contrariando o desejo da esquerda irresponsável, afirmou que o líder bolivariano deixara pronto, em Caracas, o script do golpe.
Com a saúde agravada em função das consequências previsíveis da cirurgia, Chávez, que foi reeleito para um novo mandato de seis anos, não tomará posse na quinta-feira (10), como determina a Constituição da Venezuela. Como o chavismo controla o parlamento venezuelano, não foi difícil mudar as regras do jogo e postergar, sem data definida, a posse, ato necessário dar legalidade ao novo mandato. Essa manobra é considerada golpe até mesmo pelo mais ignaro em política, mas o governo da presidente Dilma Rousseff, que para o caso tem como porta-voz o peremptório e arrogante Marco Aurélio Garcia, entende que a decisão do governo venezuelano é normal.
Em outras palavras, para o governo do PT golpe só existe quando é praticado por aqueles contrários ao socialismo boquirroto que sopra na América Latina. Golpe, presidente Dilma, é um ato de arbitrariedade cometido à luz da democracia, não importando quem seja o agente. Não será Hugo Chávez, o cadáver ambulante que já proporcionou bilionários prejuízos ao Brasil, que mudará o conceito de golpe, assim como não cabe à Vossa Excelência definir novo entendimento sobre um ato de tirania explícita.
Os brasileiros de bem, presidente, já perceberam, não é de hoje, que o intento do PT é transformar o Brasil em uma versão agigantada de Cuba, até porque Vossa Excelência jamais negará suas origens ideológicas, mas é importante frisar que a resistência verde-loura não será tacanha e covarde como ocorre na Venezuela do golpista Chávez.