A caminho da condenação, Gleisi posa de moralista, mas STF mantém denúncia por corrupção passiva

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Quem acompanhou a apavonada participação da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) na sabatina de Alexandre Moraes, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), na terça-feira (21), pode ter imaginado que a parlamentar está em situação política invejável, a ponto de dar lições de moral no primeiro que lhe surgir à frente. Porém, a realidade de Gleisi é avessa.

Por unanimidade, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter a denúncia contra a senadora e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), e o empresário Ernesto Kruger Rodrigues por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Todos foram denunciados na Operação Lava-Jato.

Para o azar de Gleisi, que corre o sério risco de em breve fazer companhia a outros presos da Lava-Jato, os ministros do STF negaram os embargos de declaração interpostos por Paulo Bernardo contra acórdão da 2ª Turma, que a denúncia da Procuradoria-Geral da República no Inquérito 3979, em setembro de 2016. A 2ª Turma também determinou a imediata reautuação dos autos como ação penal, o que complica sobremaneira a já difícil situação da senadora.

Segundo a denúncia, Gleisi recebeu ‘vantagens indevidas’ no valor de R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado, em 2010. A acusação relata que os valores foram repassados à campanha eleitoral com a finalidade de manter Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, no cargo.


Para o Ministério Público Federal (MPF), Paulo Bernardo solicitou a quantia a Costa, sendo que o empresário curitibano Ernesto Kruger Rodrigues, dono de um shopping popular na capital paranaense, foi encarregado de receber os valores repassados pelo doleiro Alberto Youssef.

A acusação ressalta que para operacionalizar o pagamento da propina, feito em três etapas, Youssef – delator da Lava-Jato – usou empresas de fachada para lavar o dinheiro da corrupção.

Afundando no lamaçal da Lava-Jato e acusada por sete delatores de participação no esquema criminoso conhecido como Petrolão, Gleisi Helena é ré por corrupção no STF, teve, juntamente com o marido, os bens bloqueados e pode ficar sem mandato a partir de 2018. Isso porque o eleitorado paranaense está ressabiado com a petista, cenário que inviabiliza sua reeleição ao Senado da República.

Se por um lado o quadro político-eleitoral é desfavorável a Gleisi, a ponto de uma eventual candidatura à Câmara dos Deputados ser considerada uma operação de alto risco, por outro entre os “companheiros” ela representa a esperança de salvar o “lulopetismo” na terra dos pinheirais. Outra tarefa hercúlea e com escassa possibilidade de sucesso.

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