Abandonados, Eduardo Cunha e Sérgio Cabral podem mandar o PMDB pelos ares em pouco tempo

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Não resta dúvida de que o novo grande alvo da Operação Lava-Jato é o PMDB, partido do presidente da República e de tantos próceres peemedebistas que mandam na política nacional. Com alguns caciques da legenda já presos – Eduardo Cunha e Sérgio Cabral Filho são dois bons exemplos – a cúpula do PMDB há muito está sem dormir. Afinal, ninguém será acometido pelo companheirismo repentino, a ponto de calado enfrentar as agruras do cárcere.

Ex-governador do Rio de Janeiro e acusado pelos investigadores de ser o chefe de uma quadrilha que desviou pouco mais de US$ 100 milhões dos cofres públicos, Sérgio Cabral está preso desde novembro de 2016 e caminha para a delação premiada. Ainda não há confirmação oficial disso, mas é a trajetória natural, além do desejo dos dos investigadores de saberem mais sobre o esquema e desmontá-lo de vez. No caso de eventual acordo de colaboração, Cabral arrastará ao olho do furacão ao menos uma dúzia de graúdos correligionários.

Na tentativa de levar o processo de Sérgio Cabral ao Supremo Tribunal Federal (STF), seus advogados citaram o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que na quarta-feira (1) será eleito presidente do Senado, assim como o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, também do PMDB.

Sobre a menção ao nome de Eunício, o argumento usado pela defesa de Cabral é que o senador assinou recibo no valor de R$ 2 milhões referente a uma suposta doação legal da Andrade Gutierrez, mas que na verdade tratava-se de propina que acabou no caixa do diretório nacional do partido. À época, Eunício Oliveira era tesoureiro do PMDB.


A preocupação maior não está nos desdobramentos da Lava-Jato ou no nível em que se dará a implosão do PMDB. A questão é que Eunício Oliveira, que dentro de algumas horas assumirá o comando do Congresso Nacional, portanto do Poder Legislativo, é citado nas investigações sobre os crimes cometidos no âmbito do Petrolão. A citação do seu nome pela defesa de Sérgio Cabral certamente está fundamentada, até porque do contrário comprometeria as negociações de eventual acordo de delação.

Em outro ponto do imbróglio está Eduardo Cunha, preso há mais tempo e dono de frieza comportamental que chega a impressionar. Cunha sabe jogar no tabuleiro político, algo que vem fazendo inclusive atrás das grades, mas não se deve esperar que o ex-presidente da Câmara dos Deputados permaneça calado por mais alguns longos meses.

Quem conhece Eduardo Cunha sabe que ele não participou sozinho de negociatas na esfera do Petrolão. Além de seus companheiros de banditismo político, Cunha financiou muitas campanhas eleitorais com dinheiro da corrupção, aportes feitos no caixa 2. E o peemedebista fluminense é conhecido como um colecionador de provas e documentos. Antes de ser apeado do poder, Eduardo Cunha disparou mensagens cifradas nas mais variadas direções. Verdadeiras ou não, os destinatários cometeram um grave erro nos últimos meses: abandonaram-no.

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