Acostumado a acusar os adversários de forma covarde, Requião foi “sócio” de Carlinhos Cachoeira

Fora do prumo – Como noticiado em matéria anterior, a CPI do Cachoeira deve ser encarada com responsabilidade, sob pena de o Brasil se transformar em um ringue político sem precedentes. Acusações levianas, que caracterizam o “denuncismo”, já começam a ocupar espaço no cenário que serve de palco para a queda de braços entre governistas e oposição. É o caso do senador Roberto Requião, do PMDB, que acusou o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), de envolvimento no esquema criminoso do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso em 29 de fevereiro durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Independentemente da corrente político-ideológica dos acusados de envolvimento com o esquema de Cachoeira, todos devem ser investigados e, comprovada a culpa, condenados com o rigor da lei. Não se trata de defender Beto Richa, o qual já foi duramente criticado por este noticioso, mas de exigir dos políticos doses mínimas de coerência para que o objetivo da CPI seja alcançado. Se Requião conseguir comprovar a culpa de Richa, que a CPI convoque o governador do Paraná. Do contrário, Roberto Requião deve ser processado por calúnia, injúria e difamação, com direito às devidas indenizações.

Que Requião é um histriônico descontrolado todos sabem, mas é importante esclarecer que esse repentino paladino da moralidade já foi “sócio” de Carlinhos Cachoeira no passado. Então governador, Roberto Requião não se incomodou com a parceria da Lotopar – empresa de loterias do governo paranaense – com Carlinhos Cachoeira, entre janeiro de 2003 e abril de 2004.

Requião inclusive recebeu Cachoeira no Palácio Iguaçu, com todas as pompas e honras, para um jantar. Devidamente registrado pelo colunista Augusto Mafuz, do jornal “O Estado do Paraná”, o encontro serviu para Requião e Cachoeira tratarem de assuntos relacionados às loterias e ao jogo do bicho. À época, Mafuz relatou o encontro em nota que teve como título “Jantando com o Diabo”. “Em janeiro de 2003, pouco depois da posse, o governador [Requião] recebeu a visita do senador Maguito Vilela, seu colega de bancada e ex-governador de Goiás. A tiracolo de Maguito, ninguém menos que Carlos Cachoeira, sócio da empresa Larami, que administra jogos on-line, e bicheiro do caso Waldomiro Diniz, a mais nova estrela do PT. Para entender: o tal Cachoeira é goiano, tem o seu QG naquele Estado. E a Larami assinou contrato com a Lotopar no apagar das luzes do governo Lerner”, escreveu o colunista.

De temperamento sempre truculento, o que serve para afugentar aqueles que pensam em enfrentá-lo, Requião presta um desserviço ao Paraná e aos paranaenses ao fazer acusações infundadas, apenas para tumultuar o processo político em um doa mais importantes estados brasileiros. Quando se contentar com a própria insignificância, Requião por certo será aplaudido de pé por todos os brasileiros.