Antes que querer tumultuar a sabatina de Alexandre de Moraes, PT deveria revirar a própria história

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Nada pode ser mais imoral do que a atuação do PT no Congresso Nacional, onde os “companheiros”, depois de mais uma década de banditismo político da legenda, insistem em pregar moralidades e promover badernas como forma de impedir o fim de um partido que um dia ousou falar em combate à corrupção.

Ignorando o fato de que o ministro Dias Toffoli foi uma pífia e política indicação ao Supremo Tribunal Federal, feita por Lula por imposição de José Dirceu, os petistas prometem atormentar a vida de Alexandre de Moraes durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ).

A bancada do PT no Senado determinou a assessores um levantamento minucioso de fatos relacionados a Moraes, com o objetivo de montar um dossiê a ser usado para embasar os questionamentos dos petistas ao indicado para a ocupar a vaga do ministro Teori Zavascki, morto no último dia 19 de janeiro em acidente aéreo em Paraty, no litoral sul fluminense.

A ordem da bancada petista é reunir o maior número possível de temas “sensíveis” sobre a trajetória de Alexandre de Moraes, o que poderá estender a sessão da sabatina por muitas horas. A esquerda raivosa, sempre espumando a saliva da oposição doentia, pretende fazer com que a sabatina dure vinte horas ou mais, se for preciso. E promete adotar o revide imediato para desestabilizar o indicado ao cargo.

Os petistas já anunciaram que pedirão explicações a Alexandre de Moraes sobre sua atuação como advogado de defesa de Eduardo Cunha e de uma cooperativa suspeita de envolvimento com o PCC.

Para quem defende os direitos humanos com estridência, o PT é uma ode ao deboche. Todo e qualquer cidadão, ligado a organizações criminosas ou não, tem direito a defesa. Seja Eduardo Cunha, seja alguém de cooperativa de transportes supostamente ligada à facção criminosa paulista que age em presídios de vários estados da federação.

O fato de Cunha ter sido defendido por Alexandre de Moraes não macula sua carreira profissional, assim como a do respeitado criminalista José Roberto Batochio não está maculada por defender Lula no âmbito do Petrolão. Aliás, o ex-metalúrgico precisa explicar aos brasileiros como consegue manter uma equipe de advogados caros e que valem-se de custosa pirotecnia para defender o indefensável.

Se o caso é estabelecer relações entre a atuação profissional de um advogado e a respectiva indicação ao Supremo, é melhor o PT fazer um “mea culpa” e começar a questionar a nomeação de Dias Toffoli, ex-advogado do PT e de três campanhas de Lula e ex-subsecretário de assuntos jurídicos da Casa Civil, na época de José Dirceu, seu padrinho para chegar à Corte Suprema.


Batom na camisa

Sobre o PCC, o Partido dos Trabalhadores é um especialista no assunto. Ex-secretário de Transportes da cidade de São Paulo, na gestão de Fernando Haddad, o “companheiro” Jilmar Tatto financiou, em 2010, 30% da campanha a deputado estadual de Luiz Moura (PT). O então parlamentar, que atua no transporte alternativo na capital paulista, foi flagrado pela polícia em reunião com integrantes do PCC, na sede da cooperativa da qual faz parte, a Transcooper.

Ainda sobre o PCC, os petistas não podem ignorar uma conversa telefônica entre dois integrantes da facção criminosa que tratavam da ordem para “despejar” voto em José Genoino na eleição de 2002. Interceptado pela Polícia Civil paulista, o diálogo é surpreendente e não deixa dúvidas sobre a ligação entre a facção e o partido.

Maria de Carvalho Felício, a “Petronília”, então mulher de José Márcio Felício, ex-líder do PCC, informa ao preso José Sérgio dos Santos, conhecido como “Shel”, a ordem da facção em relação às eleições de 2002

Maria de Carvalho Felício: Ele mandou uma missão pro Zildo (piloto-geral de Ribeirão Preto). Vamos ver se o Zildo é capaz de cumprir.

José Sérgio dos Santos: Tá bom. Você quer passar pra mim ou dou particularmente pra ele?

Maria: Não, não. Ele quer festa (ataques) até a eleição. E é pra eleger o Genoíno. E, ser for o caso, ele vai pedir pro pessoal mandar as famílias não irem nas visitas pra votar, entendeu? Ele falou que um dia sem visita não mata ninguém. Ele falou: “Fica todo mundo sem visita no dia da eleição pra todo mundo votar pro Genoíno”.

Santos: Não, mas isso… Acho que todo mundo… A maioria das mulher de preso… Vai votar no Al? Nunca.

Maria: Então, é pra pedir isso. Se, por exemplo, a mulher vai, daí a mãe, a irmã tudo vota pro Genoíno. Se só a mulher que vota, então essa mulher não vai na visita e vota no Genoíno. É pra todo mundo ficar nessa sintonia: Genoíno.

Santos: E é dali que vem, né?

Maria: Isso. É o (incompreensível)

Santos: Tá bom.

Maria: Tá bom, então?

Santos: Tô deixando assim um boa-tarde aí. Se cuida agora. Vai descansar.

Dias antes da primeira onda de ataques do PCC na cidade de São Paulo, José Dirceu viajou à Bolívia, onde reuniu-se com o deputado boliviano Gabriel Herbas Camacho. O encontro nada teria de estranho se Gabriel não fosse irmão de Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola, líder maior do PCC.

Sobre defender Eduardo Cunha, o PT deveria revirar melhor a própria história, pois um ministro da Justiça indicado pelo partido pagou, enquanto advogado, R$ 15 mil (valor de 2001) a um delegado de polícia de São Paulo para que seu cliente tivesse um celular na cela. O mesmo advogado também conseguiu que o cliente preso passasse uma tarde no motel com a esposa, cortasse o cabelo no cabeleireiro de sua preferência e por duas vezes deixasse a delegacia para jantar com seu defensor. Tudo combinado à sombra da propina.

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