Após imbróglio das contas na Suíça, deputado pede afastamento de Cunha da presidência da Câmara

eduardo_cunha_30Arrumando gavetas – Vice-líder do PPS na Câmara dos Deputados, Arnaldo Jordy (PA) afirmou nesta sexta-feira (2) que é insustentável a permanência de Eduardo Cunha na presidência da Casa legislativa. Com a confirmação da existência de pelo menos quatro contas bancárias secretas na Suíça – alvo de investigadores do Ministério Público suíço e da Procuradoria-Geral da República (PGR), Jordy diz que o peemedebista precisa se afastar do cargo.

O deputado do PPS lembra que, em tese, houve quebra de decoro parlamentar, já que Cunha negou, em depoimento à CPI da Petrobras, ter contas além daquelas que constam em sua prestação de contas na Justiça Eleitoral e à Receita Federal. Não há nenhuma menção do TRE sobre os tais registros bancários em território suíço.

Jordy cita ainda os quatro depoimentos de investigados da Operação Lava-Jato, realizados à sombra de delação premiada, que acusam Eduardo Cunha de ser beneficiário de recursos financeiros oriundos de propina do esquema de corrupção ocorrido na Petrobras, o Petrolão.

“Aqui expresso uma opinião pessoal, mas Eduardo Cunha precisa se afastar do cargo de presidente da Câmara até para preservar a imagem institucional da Casa. Ele sequer teve condições esta semana de responder questionamentos de seus pares sobre a confirmação das referidas contas no paraíso fiscal”, afirmou o deputado de oposição.

Arnaldo Jordy estuda ingressar com representação contra o peemedebista na própria Câmara para questionar a suposta quebra de decoro de Cunha. A infração às normas de decoro e ética pode levar o parlamentar à simples advertência escrita até a perda do seu mandato.

Diferentemente da dúvida que cerca Arnaldo Jordy, não se pode falar em suposta quebra decoro por parte de Cunha. De fato a transgressão existiu e o presidente da Câmara precisa ser punido por seu ato. E essa punição deve ocorrer em consonância a outras anteriores, pois é preciso que a isonomia prevaleça no Estado Democrático de Direito.

O melhor exemplo de quebra de decoro no âmbito da Lava-Jato tem como personagem central o ex-deputado federal André Vargas, que logo após a deflagração da Operação Lava-Jato, em março de 2014, usou a tribuna da Câmara para negar qualquer envolvimento com o doleiro Alberto Youssef.

Muito antes de ser preso pela Polícia Federal, por determinação do juiz Sérgio Moro, o ex-petista renunciou à vice-presidência da Câmara e na sequência teve o mandato cassado por quebra de decoro.

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