Atinge até a CBF: no Brasil, crise no patrocínio do futebol só cresce

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Neste ano, a crise de patrocínio no futebol do Brasil acentuou-se e estendeu-se até a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A crise econômica, os escândalos de corrupção na entidade e a falta de retorno pelo investimento têm derrubado os valores pagos para se associar a camisas de times. Vale destacar que esse processo já vem ocorrendo desde o final de 2013.

A Caixa Econômica Federal, principal patrocinadora do futebol brasileiro, decidiu investir R$ 115 milhões em 2016, sendo R$ 83 milhões já fechados. Em relação aos clubes que já tinham contrato, os valores foram mantidos sem reajuste pelo segundo ano seguido. Só que a inflação pelo IGP-M foi de 16% nos dois anos.

“Isso ocorre em função do momento econômico diferente do anterior à primeira assinatura dos contratos. Não há nenhum gatilho nos contratos. Desde o primeiro que temos o mesmo valor”, afirmou o superintendente nacional de Promoções e Eventos da Caixa, Gerson Bordignon.

Por exemplo, o Flamengo levará R$ 25 milhões. Se houvesse reajuste pela inflação, o valor já seria de R$ 28 milhões. A diretoria do clube justifica ter aceito o valor pelo momento complicado do país. A intenção do clube carioca era conseguir R$ 100 milhões este ano, embora no orçamento estejam previstos R$ 90 milhões. Contudo, o rubro-negro passou janeiro com dois patrocinadores a menos (Jeep e Viton) do que em 2015.


A maioria dos grandes clubes têm patrocinadores master, entretanto em valores inferiores aos de outras épocas. Um estudo do consultor Amir Somoggi mostra, em seu blog no jornal “Lance!”, que os valores de patrocínio estão em queda desde 2014.

Houve um crescimento grande de 2003 (R$ 59 milhões) a 2013 (R$ 470 milhões). Considerados os valores corrigidos pela inflação neste período, os patrocínios quadruplicaram. Mas, em 2014, caíram para R$ 467 milhões.

“A crise econômica tem impacto, mas antes já tinha caído. É mais barato do que propaganda, mas quem gasta R$ 30 milhões uma hora vê que não dá o retorno para aquele preço e reduz”, comentou Somoggi.

Na opinião dos consultores, o caso da CBF é um misto de crise econômica ao efeito das acusações de corrupção na entidade. A confederação perdeu quatro patrocinadores, Sadia, Michelin, Proctor & Gamble e Unimed após três de seus ex-presidentes serem acusados de levar propinas pelo FBI. Os patrocínios são a principal fonte de renda da entidade, responsáveis por 70% do seu faturamento.

A diretoria da confederação atribui essa queda só ao cenário econômico desfavorável, porém as empresas apontaram a falta de credibilidade.

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