Marcha à ré – A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) informou nesta terça-feira (28) que o Indicador de Nível de Atividade (INA), da indústria de transformação, recuou 0,8% em janeiro, em comparação com dezembro de 2011. Este é o quinto mês consecutivo de queda.
O desempenho negativo também representa queda de 5% da atividade industrial do Estado em relação a janeiro do ano passado. Desconsiderados os ajustes sazonais, a produção em janeiro foi 4,1% mais fraca do que no mês anterior, informou a Fiesp.
Em janeiro deste ano, o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) ficou em 79%, sem considerar o ajuste sazonal, o que representa queda frente aos 80,7% verificados em janeiro do ano passado. Com o ajuste sazonal, a mesma comparação é ainda mais preocupante, passando de 83,7% para 81,7%.
Dos setores avaliados pela pesquisa da entidade que representa o setor indústria paulista, fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos registraram queda de 5,6% em relação a dezembro, em termos ajustados, prejudicados pelo maciço ingresso de produtos importados. O coeficiente de importação do setor atingiu o patamar de 38,4% no quarto trimestre de 2011. O segmento automotivo de registrou queda de 5,7% na série com ajuste sazonal.
O futuro
A pesquisa Sensor, que mede a expectativa dos empresários para o mês corrente, mostra que a confiança dos industriais avançou em fevereiro, ficando em 48,8 pontos frente a 42,2 pontos em janeiro. O resultado não considerado positivo, pois na avaliação, que vai de zero a 100 pontos, números menores que 50 pontos são traduzidos por pessimismo do empresariado.
Discurso anulado
Os números divulgados pela Fiesp, além de traduzirem a realidade industrial paulista, colocam por terra o discurso da presidente Dilma Rousseff, que no apagar das luzes de 2011 disse que o corrente ano seria de oportunidades e prosperidade. Não há virtuosismo econômico quando existe retração industrial, pelo menos é assim que pensam os economistas. A redução da atividade industrial representa, em capítulo subsequente, fechamento de postos de trabalho.
Não faz muito tempo, o ucho.info alertou para o perigo de o Brasil se transformar ao longo dos anos em um país de prestadores de serviços. A enxurrada de produtos estrangeiros, especialmente chineses, se deve à valorização do Real. A desvalorização do dólar ajuda o governo a manter a inflação em patamares supostamente aceitáveis, mas no contraponto dificulta cada vez mais as exportações brasileiras, não sem antes desestimular a indústria nacional.
Quando ocupava a Secretária de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger focou algumas de suas ações no processo de desindustrialização do País, algo que Lula e seus assessores não deram a devida importância.
De tal modo, causa estranheza o fato de petistas cinco estrelas não tomarem a cena para criticar a política econômica adotada por Luiz Inácio da Silva durante os oito anos em que esteve no Palácio do Planalto. Se assim o fizessem, os “companheiros” teriam de mexer em um vespeiro que atende pela alcunha de “herança maldita”.