Atletismo da Rússia aceita suspensão imposta pela IAAF por doping sistemático

(H. Hanschke - DPA)
(H. Hanschke – DPA)

A Federação Russa de Atletismo (Araf) decidiu não recorrer da decisão da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) e aceitou, nesta quinta-feira (26), a plena suspensão para os atletas russos em competições internacionais. A IAAF havia suspendido provisoriamente o órgão responsável pelo atletismo russo devido às acusações de dopings sistemáticos bancados pelo Estado.

Depois relutar, já que a decisão afetava inclusive atletas não citadas no relatório da comissão independente de investigação da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), como a campeã mundial do salto com vara Yelena Isinbayeva, os russos decidiram aceitar a plena suspensão. A Araf também prometeu cooperar com os inspetores que irão supervisionar as alterações no sistema de testes antidoping.

“A Araf confirma que entende que o Conselho [da IAAF] só aceitaria sua reintegração como membro da IAAF seguindo a recomendação da equipe de inspeção da IAAF que vai decidir se os critérios de verificação foram cumpridos. A Araf irá cooperar plena e ativamente com a equipe”, comunicou o secretário-geral da entidade russa, Mikhail Butov, em comunicado.

Com a decisão, crescem as chances de a Rússia não ficar fora do atletismo nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Isso porque a IAAF só aceitará o retorno da Araf depois que os russos provarem que se adequaram à legislação antidoping vigente e punirem os responsáveis pela prática massiva de doping no país.

Até lá, com a Araf segue excluída do quadro da IAAF, nenhum atleta russo poderá participar de competições internacionais. A comissão que acompanhará as prometidas reformas no sistema antidoping da Rússia deverá emitir um relatório em 27 de março do ano que vem.

Chefe da IAAF rompe vínculo com Nike

Também nesta quinta-feira, o presidente da IAAF, o ex-atleta britânico Sebastian Coe, anunciou sua renúncia ao posto de embaixador pago da empresa Nike, depois de 38 anos ligado à multinacional americana, após denúncias de suposto conflito de interesses.

Coe afirmou que estava deixando o posto de embaixador para se concentrar na limpeza na IAAF, que vem sofrendo com recentes escândalos políticos internos e de doping, mas a medida ocorreu em meio a uma investigação sobre a atribuição de direitos para o Campeonato Mundial de Atletismo de 2021 para a cidade americana de Eugene, no Oregon.

Eugene foi escolhida como sede do Mundial de 2021 sem que houvesse um processo real de licitação com a outra candidata, a cidade sueca de Gotemburgo. A fabricante de artigos esportivos Nike, que pagava cerca de 151 mil euros por ano para ter Coe como embaixador da marca, foi fundada justamente em Eugene.

“Não fiz nenhum tipo de lobby, com quem quer que seja”, defendeu-se o bicampeão olímpico dos 1.500 metros dos Jogos de 1980 e 1984, no site da IAAF. A emissora britânica BBC, no entanto, afirmou ter tido acesso a um e-mail enviado em janeiro por um alto funcionário da Nike, deixando entender que Coe teria pressionado seu predecessor na presidência da IAAF, Lamine Diack, que deixou o cargo em agosto, para que Eugene fosse escolhida para receber o evento. (Com agências internacionais)

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