Aumenta a pressão sobre Joseph Sepp Blatter, o autoritário e longevo presidente da FIFA

(L. Foeger - Reuters)
(L. Foeger – Reuters)
Caminho sinuoso – O veterano presidente da FIFA, Joseph Sepp Blatter, está sob forte pressão depois que as acusações da Justiça norte-americana e as prisões de dirigentes do futebol mundial levaram à maior crise na história da entidade, pouco antes da abertura de seu congresso anual, nesta quinta-feira (28).

Blatter está desde 1975 na FIFA, onde começou como diretor técnico e foi, aos poucos, ascendendo até chegar a secretário-geral e, em 1998, a presidente. Inicialmente, ele saiu ileso das acusações, mas não dos questionamentos. Mesmo assim, sabe que a qualquer momento o seu castelo de cartas pode ruir, pois é sabido que a máxima entidade do futebol planetário é um ninho de cobras e serpentes. Por isso o cartola busca a reeleição, agora com mais força, pois precisa apagar as pegadas na rota da bandalheira.

O economista de 79 anos, formado pela Universidade de Lausanne, é com frequência acusado de governar a entidade máxima do futebol como um banco suíço – com o mínimo de transparência possível em relação aos bilhões de dólares que entram e saem dos cofres da FIFA.

Políticos, federações de futebol, dirigentes e patrocinadores evitaram críticas diretas a sua pessoa – não há provas de seu envolvimento no escândalo. A pressão foi, sobretudo, para o adiamento da eleição de presidente da FIFA, que, ao menos antes do escândalo, ele esperava ganhar com relativa facilidade nesta sexta-feira.

“Há anos existem acusações de corrupção. Faria sentido tomar um pouco de tempo, ver o que é verdade e o que não é. Por enquanto, tem-se uma imagem desastrosa”, afirmou o chanceler francês, Laurent Fabius. “Faz sentido adiar essa votação.”

No mesmo tom se manifestou o chanceler britânico, Philip Hammond: “Há alguma coisa muito errada no coração da FIFA, o futebol internacional precisa de uma reforma”, disse.

Patrocinadores criticam

Grandes patrocinados do futebol mundial cobraram esclarecimentos. A Visa afirmou que vai reavaliar o seu patrocínio se a FIFA não reestruturar a sua cultura corporativa com “práticas éticas sólidas”. E a Adidas pediu que a entidade “respeite as regras de transparência em tudo o que faça”.

O comitê executivo da UEFA defendeu que o congresso anual da FIFA, e a eleição para a presidência da entidade, prevista para esta sexta-feira, sejam adiadas por seis meses. Há o risco de farsa se o congresso for mantido, acrescentou, em comunicado oficial.

“Os acontecimentos mostram, mais uma vez, que a corrupção está profundamente enraizada na cultura da FIFA”, afirmou a UEFA.

No entanto, o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Noël Le Graët, deu a entender que, apesar do escândalo de corrupção, ele manterá a sua confiança no atual quadro da FIFA.

Blatter também conta com o apoio da Federação Asiática de Futebol (CAF), que se opôs ao adiamento da eleição. Com 47 membros, a entidade, que suspendeu o seu ex-presidente Mohammed bin Hammam por corrupção, é o terceiro maior bloco regional na FIFA.

O dirigente suíço cancelou presença agendada oficialmente em evento de medicina esportiva da FIFA marcado para esta quinta-feira em Zurique. O diretor médico da entidade, Jiri Dvorak, argumentou que ele não poderia comparecer por causa das “turbulências” em curso. (Com agências internacionais)

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