Autorizado pelo STF, mas com medo de ser preso pela Interpol, Maluf desiste de viajar a Nova York

(Ilustração: Cássio Scavone, o Manga)
Em casa – Acusado de desvio de dinheiro público em obra superfaturada durante sua gestão como prefeito da cidade de São Paulo, o agora deputado federal Paulo Salim Maluf (PP-SP) conseguiu autorização do Supremo Tribunal Federal para viajar a Nova York, mas acabou desistindo porque o mandato parlamentar não impede que a Interpol prenda-o além das fronteiras brasileiras.

Maluf, juntamente com seu filho Flávio, foi condenado pela Justiça de Nova York por lavagem de dinheiro, pois usou contas bancárias abertas nos Estados Unidos como de passagem para o montante desviado da obra da antiga Avenida Águas Espraiadas, na Zona Sul da capital paulista, via que foi rebatizada como Jornalista Roberto Marinho. Desde 2010, a pedido da promotoria de Nova York, os nomes de Paulo Maluf e Flávio Maluf constam da lista vermelha de procurados da Interpol.

O processo contra Paulo Maluf foi iniciado e conduzido pelo implacável promotor Robert Morgenthau, que lamentavelmente deixou o serviço público daquele país aos 83 anos, mas ainda com muita capacidade laboral e lucidez.

Em 2000, durante conversa com o editor do ucho.info, o promotor Robert Morgenthau deixou claro o seu desejo de ver Maluf condenado pelas muitas estripulias que cometeu, mesmo que nos bastidores das operações criminosas.

Morgenthau foi o responsável pela abertura de investigação que teve na alça de mira a instalação de fibras óticas na cidade de São Paulo, escândalo que envolveu Flávio Maluf, Reynaldo de Barros e, indiretamente, Paulo Maluf. A empresa Metrored, controlada pelo fundo de investimentos canadense Fidelity, foi condenada nos Estados Unidos por ter contratado profissionais para corromper autoridades paulistanas.

Na legislação norte-americana há uma lei federal denominada “Foreign Corruption Practices Act”, de 1977, que proíbe e considera crime o pagamento de propinas a políticos e autoridades no exterior.