Bob Dylan ganha o Prêmio Nobel de Literatura de 2016

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O cantor e compositor norte-americano Bob Dylan ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2016, anunciou nesta quinta-feira (13) a Academia Sueca, em Estocolmo. O astro da música folk e do rock foi escolhido por criar “novas expressões poéticas dentro da grande tradição musical americana”, afirmou a secretária permanente da Academia, Sara Danius.

Ela acrescentou que Dylan tem o status de um ícone e influenciou profundamente a música popular contemporânea. Mais tarde, em entrevista ao site da Fundação Nobel, Danius defendeu a escolha do cantor americano por sua condição de poeta e o comparou com os grandes nomes gregos da Antiguidade.

“Se olharmos milhares de anos para trás, descobriremos Homero e Safo. Eles escreveram textos poéticos feitos para serem escutados e interpretados com instrumentos. O mesmo acontece com Bob Dylan. Pode e deve ser lido”, declarou Danius. Segundo ela, Dylan é um grande poeta na tradição da língua inglesa, muito original e que, ao longo de 54 anos, “continuou atuando e se reinventando, criando uma nova identidade”.

Há décadas especulava-se sobre um Nobel de Literatura para o cantor, mas muitos argumentavam que a Academia não reconheceria um astro da música pop. Além disso, dar o prêmio a um músico poderia também ser interpretado como uma crítica indireta à literatura contemporânea, o equivalente a dizer que não há nenhum escritor digno do prêmio.

Dylan completou 75 anos em 24 de maio. Nascido Robert Allen Zimmerman em uma família judaica de classe média de Duluth, Minnesota, o cantor aprendeu sozinho a tocar harmônica, guitarra e piano. Ele logo se interessou pelo folk e pelo blues, tendo como um dos ídolos o cantor e compositor Woody Guthrie.


No início dos anos 1960, Dylan começou a se apresentar em cafés da região boêmia Greenwich Village, em Nova York, durante o “revival” da música folk, do qual foi um dos maiores expoentes. Composições dessa época, como “Blowing in the Wind” e “The times they are a-changin” transformaram-se em hinos da canção folk de protesto e dos movimentos contra a Guerra do Vietnã e em favor dos direitos civis.

Entre os discos mais cultuados pelos fãs estão os clássicos “Highway 61 Revisited” (1965), “Blonde on Blonde” (1966) e “Blood on the Tracks” (1975). Dylan é o autor de canções emblemáticas do rock, como “Like a rolling Stone”, “Hurricane” e “Idiot Wind”.

Depois de fase pouco inspirada nos anos 1980 e início dos 1990, Bob Dylan fez as pazes com os fãs a partir do lançamento de “Time Out of Mind”, em 1997, considerado um dos seus melhores discos. A partir de então ele iniciou um retorno à velha forma, produzindo álbuns também marcantes, como “Love and theft”, de 2001, “Modern times”, de 2006, e “Together through life”, de 2009.

O Nobel é a mais recente das várias distinções atribuídas ao cantor, que já recebeu 11 Grammys, um Oscar de Melhor Canção Original, um Pulitzer por “suas composições líricas e de extraordinário poder poético, que causaram profundo impacto na música popular e na cultura americana”, entre outros prêmios. Em 2012, ele angariou ainda a Medalha Presidencial da Liberdade, concedida pelo presidente Barack Obama, a honraria civil mais alta dos Estados Unidos. (Com agências internacionais)

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