Brasil tem maior corte de previsão do PIB entre países avançados e emergentes, destaca o FMI

fmi_01Ladeira abaixo – Nesta terça-feira (14), o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um relatório que afirma que o Brasil teve o maior corte de projeção de crescimento da economia para 2015 e 2016 entre as principais economias avançadas e desenvolvidas. Ainda segundo o relatório, o ajuste para melhorar as contas públicas brasileiras e o esforço do Banco Central para conter a inflação devem ajudar a restaurar a confiança de empresários e investidores, porém podem afetar ainda mais a atividade econômica no curto prazo.

Desde que divulgou se último relatório de previsões, em janeiro, o Fundo reduziu em 1,3% a estimativa de crescimento do Brasil para 2015 e 0,5% a de 2016. Depois do Brasil, a Rússia foi a economia que teve a maior redução nas taxas previstas de expansão, de 0,8 ponto em 2015 e 0,1 em 2016. Desta forma, a expectativa dos economistas da instituição é que o país deve ter contração de 1% este ano.

A Rússia, abalada pela queda do petróleo e os embargos dos Estados Unidos e Europa por conta do conflito com a Ucrânia, tem a previsão de contração maior entre os principais mercados, de 3,8%. A Índia, outra emergente, teve a estimativa melhorada, enquanto a da China foi mantida. De acordo com a previsão do FMI, para 2016 a economia brasileira deve se recuperar e voltar a se expandir, crescendo 1%.

O FMI elogiou o ajuste na política econômica brasileira, entretanto, afirmou que as medidas podem afetar fortemente a atividade, enfraquecida desde 2014, quando o país ficou praticamente estagnado. “O compromisso renovado das autoridades brasileiras para conter o déficit fiscal e reduzir a inflação vai ajudar a restaurar a confiança no quadro da política macroeconômica do Brasil, mas vai reduzir ainda mais a demanda de curto prazo”, ressalta o documento, que faz parte do relatório “Perspectiva Econômica Global”.

O Fundo Monetário Internacional credita o baixo crescimento brasileiro a alguns fatores, como a baixa confiança de empresários, por conta do escândalo de corrupção na Petrobrás, o temor de racionamento de água e energia elétrica e falta de reformas para melhorar a competitividade do País. E, para reverter o quadro, o FMI recomenda reformas na educação e no mercado de trabalho, para melhorar a produtividade e a competitividade, e também investimentos na infraestrutura para resolver gargalos. “A confiança do setor privado manteve-se teimosamente fraca, mesmo que a incerteza relacionada com as eleições tenha se dissipando”, afirma a instituição.

Para a inflação no país, a projeção do Fundo é que o IPCA deve superar o teto do intervalo de tolerância da meta de 2015 (de 6,5%), refletindo o ajuste nos preços regulados e a depreciação do real, uma das moedas que mais se desvalorizou ante o dólar entre os principais emergentes este ano, revela o relatório. A aposta dos economistas do FMI é que a inflação se aproxime da meta nos próximos dois anos. A projeção do Fundo é que o IPCA suba 7,8% este ano e 5,9% em 2016. Já a taxa de desemprego deve piorar, subindo de 4,8% em 2014 para 5,9% este ano e 6,3% em 2016.

Por conta do desempenho fraco do Brasil, e de outros países, como Venezuela e Argentina, a América Latina teve no ano passado o quarto ano consecutivo de queda do crescimento do PIB, influenciado pelo fim do boom mundial das commodities e pelo menor espaço em países importantes da região, como o Brasil, para políticas que estimulem o crescimento. As estimativas de curto prazo para a América Latina não são muito otimistas. O documento enfatiza que não há fatores nos próximos meses capazes de mudar a reversão da economia. Por conta disso, a previsão de crescimento da região em 2015 foi cortada de 1,3 ponto percentual do relatório de janeiro para 0,9%. A do ano que vem foi reduzida de 2,3% para 2%.

Na América Latina, o México deve ser um dos destaques e crescer 3% este ano, corte de 0,2% ante a estimativa feita em janeiro. A economia mexicana deve se beneficiar da atividade mais aquecida nos Estados Unidos, de acordo com o FMI. A Venezuela deve recuar 7% e a Argentina encolher 0,3%. (Por Danielle Cabral Távora)

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