Brasileiros precisam reagir com urgência contra projetos de abuso de autoridade e anistia ao caixa 2

Em vez de organizar manifestações que dão em nada e reúnem menos cidadãos do que um clássico de futebol, os brasileiros que desejam mudanças de fato deveria se preocupar com temas importantes que tramitam no Congresso e que representam ameaça real à democracia.

O Senado Federal votará em breve o projeto de lei que trata do abuso de autoridade, cujo relator é o senador Roberto Requião (PMDB-PR). A proposta é de autoria de Renan Calheiros e configura tentativa de estancar as investigações sobre corrupção e crimes correlatos. Mesmo assim, é preciso reconhecer que a Operação Lava-Jato foi o ponto de partida para a “espetacularização” das investigações, com direito a vazamento de informações e imputação antecipada de culpa.

Procurador-geral da República, Rodrigo Janot entregou nesta terça-feira (28) um projeto do Ministério Público Federal sobre o tema, que pune o vazamento de trechos das investigações e a formalização de culpa antes mesmo da conclusão da denúncia. A proposta também coíbe a famosa “carteirada”, algo como “você sabe com quem está falando?”.

Essa pauta que deveria chamar a atenção da opinião pública nacional, pois a aprovação do projeto de Renan Calheiros será um retrocesso no âmbito das investigações. A sociedade precisa agir com rapidez e persistência, já que a disposição dos senadores em aprovar a matéria é inequívoca.

apoio_04

Outro assunto que causa preocupação é a tentativa dos parlamentares de aprovar projeto que anistia a pratica do caixa 2. Isso significa que muitas das investigações da Lava-Jato e de outras operações cairiam no vazio, já que a punição para essa prática condenável seria extinta. O movimento nessa direção avança de forma tão rápida, que políticos trabalham para costurar com a Justiça Eleitoral um acordo que viabilize a aprovação da matéria.

No caso de a Câmara dos Deputados e o Senado aprovarem ambas as propostas – abuso de autoridade e anistia ao caixa 2 – ficará instituída a impunidade no País. Fora isso, o projeto que prevê o voto em lista fechada é a cereja do indigesto bolo que a classe política quer servir aos cidadãos, como se um mandato eletivo fosse escudo para a corrupção sistêmica.

Ou os brasileiros deixam de lado o comodismo letárgico e passam a pressionar deputados e senadores, ou o melhor é aceitar que o Brasil é o paraíso da corrupção e que nenhuma medida será capaz de salvar a nação. E que ninguém rompa a cena com a absurda proposta de intervenção militar, porque ditadura, de esquerda ou de direita, será sempre ditadura.