Caderneta de poupança perdeu R$ 53,5 bilhões em 2015, maior valor em 20 anos

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De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, em 2015 o número de saques na caderneta de poupança foi quase idêntico ao de depósitos. A exceção foi no mês de dezembro, que ficou positivo em R$ 4,789 bilhões.

Vale ressaltar que dezembro costuma ser favorável ao investimento por causa do pagamento do 13º salário. Mesmo assim, no ano, o total resgatado dessa aplicação foi de R$ 53,568 bilhões, o maior volume de retiradas desde que o BC começou a compilar as informações, em 1995.

O resultado do último mês de 2015 ficou maior até do que o de idêntico mês de 2014, quando as aplicações líquidas ficaram em R$ 3,572 bilhões. Em 2013, os investimentos na caderneta somaram R$ 11,201 bilhões no último mês do ano.

Até o último dia útil do ano, 30 de dezembro, o saldo já estava positivo em R$ 3,754 bilhões, o que não havia sido visto em nenhum mês de 2015. O que ocorreu ao longo do ano passado foram cifras negativas até à véspera do fechamento do mês, com o sazonal aumento dos depósitos na caderneta no último dia útil. Isso costuma ocorrer por causa de aplicações automáticas da conta corrente que alguns investidores já deixam programadas.

Também pela primeira vez nos últimos 20 anos, o Brasil registrou uma perda de patrimônio da caderneta de poupança. Mesmo contando com os rendimentos de R$ 47,430 bilhões vistos em 2015, o saldo dessa aplicação ficou em R$ 656,590 bilhões, um valor 0,93% menor do que o total de R$ 662,727 bilhões registrados no acumulado no ano anterior.

A diminuição foi pequena, mas é inédita. E se deu porque os saques superaram as aplicações em praticamente todos os meses do ano em 2015.


Em janeiro, o resultado ficou negativo em R$ 5,5 bilhões e, em fevereiro, em R$ 6,3 bilhões. Em março, os resgates superaram os depósitos em R$ 11,4 bilhões e, em abril, em R$ 5,8 bilhões. Em maio, o saldo ficou no vermelho em R$ 3,2 bilhões e, em junho, em R$ 6,3 bilhões.

Em julho, o volume de saques ficou R$ 2,454 bilhões maior do que as aplicações e, em agosto, R$ 7,501 bilhões. Em setembro, as retiradas foram de R$ 5,293 bilhões e, em outubro, os saques ficaram em R$ 3,3 bilhões. Em novembro, as saídas superaram as entradas em R$ 1,303 bilhão. O resultado negativo de março foi o pior para qualquer mês da série histórica do BC iniciada em 1995.

Segundo especialistas, entre outros motivos, essa fuga da poupança tem ocorrido porque com a recessão econômica sobram menos recursos dos trabalhadores para investimentos. Além disso, com um cenário de juros e dólar altos, outros investimentos tornam-se mais atrativos. A remuneração da poupança é formada por uma taxa fixa de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) – esse cálculo vale para quando a taxa básica de juros (Selic) está acima de 8,5% ao ano e atualmente está em 14,25% ao ano.

Por conta dessa sangria na poupança vista desde o início de 2015, o setor imobiliário passou a reclamar de falta de recursos para financiamentos de casas e apartamentos. Para minimizar esse quadro, o Banco Central decidiu, em maio, liberar os bancos para usar R$ 22,5 bilhões dos depósitos da poupança que são obrigados a manter na instituição para desembolsos nas operações de financiamento habitacional e rural. Mais recentemente, esses recursos foram liberados para serem usados também em investimento em infraestrutura.

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