Câmara aprova requerimento para que ministro do GSI explique espionagem da ABIN

Mínimos detalhes – Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, o general José Elito Carvalho Siqueira terá de comparecer à Câmara dos Deputados, no dia 20 de novembro, para prestar esclarecimentos sobre a espionagem a diplomatas estrangeiros de pelo menos três países (Rússia, Irã e Iraque).

A realização da audiência pública conjunta foi aprovada, nesta quarta-feira (6), nas Comissões de Fiscalização e Controle e de Relações Exteriores e Defesa Nacional, conforme especifica requerimentos assinados pelo líder do Democratas em exercício, deputado Mendonça Filho (PE), e pelo deputado Claudio Cajado (BA). O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Wilson Trezza, também participará da audiência pública.

“Não podemos aceitar que o governo brasileiro condene os outros governos com relação à ações de suposta de espionagem e pratique dentro do território brasileiro o mesmo expediente. Sabemos que a atividade de defesa exige uma ação de proteção e resguardo do interesse nacional, do próprio governo brasileiro, mas isso não pode ser um motivo para que tenhamos atuação na área de espionagem ilegal, o que seria inaceitável moralmente e inconstitucionalmente em um país democrático como o nosso”, afirmou Mendonça Filho.

“Não conhecemos a amplitude dessas ações por parte do governo brasileiro e temos que saber até onde foi essa arapongagem da ABIN. Por isso, estamos iniciando esse debate na Câmara dos Deputados”, concorda Claudio Cajado.

Na última segunda-feira (4), o jornal “Folha de S. Paulo” publicou reportagem a partir de um relatório da ABIN sobre a realização de pelo menos dez operações de monitoramento de diplomatas de diversas nacionalidades.

Piada pronta

Tão logo a edição da Folha chegou às bancas, na última segunda-feira, o GSI distribuiu nota à imprensa informando que a espionagem mencionada na reportagem foi um serviço de contrainteligência, ao mesmo tempo em que classificou como crime o vazamento de documentos ao matutino paulistano. Além disso, o GSI destacou que os responsáveis serão processados de acordo com a lei.

O mais interessante, se é que assim pode ser classificado esse imbróglio palaciano, é que o governo petista de Dilma Rousseff considera crime o vazamento de documentos sobra a arapongagem da Abin, mas aplaude Edward Snowden, ex-analista da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês).

Para que a galhofa palaciana ficasse completa, coube ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, afirmar que a espionagem brasileira é diferente da praticada pela NSA. Ou seja, Cardozo parece ser adepto da filosofia chicaneira do “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.