Caminhões da discórdia mobilizam Guanambi, no semi-árido, contra suposto lixo radioativo

Problema federal – A pacata cidade de Guanambi, no sudoeste baiano, entrou no noticiário nacional no início da semana. O município, de cerca de 100 mil habitantes e distante 796 quilômetros de Salvador, é uma referência regional no atendimento hospitalar e no comércio. Essas duas qualidades , no entanto, não são as motivações da pauta midiática, mas nove caminhões de cor laranja estacionados no pátio do quartel da Polícia Militar desde o domingo, dia 15.

O descontentamento é tanto que nesta manhã provocou manifestação acaloradas da população local. Animado pelo clamor público, o prefeito Charles Fernandes exigiu a”imediata retirada da carreta”. Tanta preocupação é por conta da carga radioativa, que na opinião de muitos pode provocar uma catástrofe do tamanho que o semi-árido não esquecerá. O prefeito e a população esperam um pronunciamento das autoridades estaduais e federais, o que não aconteceu até agora.

Na esteira das preocupações e protestos, o Ministério Público Federal em Guanambi instaurou nesta quinta-feira (19) inquérito civil público. Pretende apurar supostas irregularidades na recepção, transporte e comercialização de carga radioativa no município de Caetité (BA) e Guanambi por parte das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB). São nove contêineres retidos devido a protestos dos moradores e representantes de ONGs locais, sob a suspeita de tratar-se de lixo radioativo.

Na última segunda-feira, 16 de maio, quando se teve notícia do problema, o procurador da República Cláudio Gusmão encaminhou um ofício à INB, requisitando informações sobre o material radioativo, informou há pouco a assessoria do MPF.

O MPF deve solicitar, ainda hoje, informações detalhadas e atualizadas acerca da retenção da carga ao 17° Batalhão de Polícia Militar, em Guanambi, onde o material está retido. Um servidor foi designado para participar da reunião realizada no dia 17, na sede da Prefeitura de Caetité, e da inspeção promovida ontem, 18 de maio, com o objetivo de tratar do assunto.

O prefeito Charles Fernandes foi taxativo: “Quero que esse material saia imediatamente do nosso município. Já que é uma carga federal, eu exijo que a Marinha retire isso daqui e leve para uma área adequada. O governo não pode continuar se omitindo sobre o assunto”.