Campanha de Dilma pagou R$ 6 mi à gráfica presidida por motorista e sem funcionários registrados

images (2)As gráficas petistas – Durante análise das contas da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, pagamentos a uma gráfica sem funcionários registrados e presidida por um motorista, levantaram suspeitas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sediada em São Paulo, a Rede Seg Gráfica e Editora recebeu R$ 6,15 milhões, colocando-a na oitava posição entre os maiores fornecedores de campanha da petista.

As suspeitas de que a gráfica não tem estrutura para prestar os serviços pelos quais recebeu tiveram início quando técnicos do TSE cruzaram a prestação de contas da petista com dados do Ministério do Trabalho. Algumas notas da gráfica entregues ao tribunal informam que a empresa produziu folders para a campanha eleitoral.

A reportagem do jornal Folha de S. Paulo, visitou o endereço da gráfica e foi informado por Rogério Zanardo que a empresa pertence à família dele, e não ao motorista Vivaldo Dias da Silva. Entretanto, Zanardo não soube informar por que a empresa está registrada em nome de Silva. Ele inclusive afirmou que as máquinas estavam desligadas porque a gráfica estava sem serviço.

O irmão de Rogério, Rodrigo, deu uma explicação diferente: afirmou que Silva é mesmo o dono da empresa, embora também trabalhe como motorista para a própria Rede Seg. Segundo Rodrigo, os irmãos somente administravam o local, e a família Zanardo teria sido procurada por Silva porque já tem experiência no ramo, uma vez que é dona da gráfica Graftec. Em relação a inexistência de funcionários, Rodrigo disse que o serviço para a campanha contou com terceirizados.

Vivaldo confirmou que, além de motorista, é mesmo o dono da gráfica. “Eu gosto de trabalhar, e é um rendimento a mais que tenho”, afirmou. De acordo com o TSE, ele manteve vínculos empregatícios com a Graftec entre 2006 e 2007, como eletricista. De 2009 a 2013, ele foi registrado como motorista em uma empresa chamada Artetécnica Gravações, com salário mensal de R$ 1.490,00.

Vale ressaltar que esse não é o primeiro motorista a receber um valor alto da campanha de Dilma. Em 2014, a Focal Confecção e Comunicação Visual, segunda maior fornecedora da campanha da presidente, recebeu R$ 24 milhões do PT. A empresa tem como um dos sócios Elias Silva de Mattos, que até 2013 declarava ser motorista e recebia salário de cerca de R$ 2.000,00.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que selecionou as empresas que apresentaram preços mais baixos. Porém, o órgão não informou qual serviço foi prestado pela Rede Seg. “A elaboração do material foi auditada pela campanha e a documentação que comprova a elaboração e entrega do material foi auditada pelo TSE”, diz a nota. As contas da campanha de Dilma foram aprovadas com ressalvas, o que levou o TSE a seguir com as análises.

apoio_04