“Carbono 14”: ministro da Justiça adota discurso rocambolesco para não comentar ação da PF

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Não precisou de muito tempo para que o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, mostrasse a que veio. No dia em que uma nova fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Carbono 14”, foi deflagrada, levando à prisão pessoas próximas ao ex-presidente Lula, o ministro da Justiça se recusou comentar as ações da Polícia Federal nesta sexta-feira (1º), mas disse que “há grupos e pessoas interessadas no quanto pior, melhor”. Ou seja, de chofre pode-se perceber que Aragão já incorporou a cartilha discursiva da presidente Dilma Rousseff.

Como se Dilma fosse um primor como governante, o ministro da Justiça foi além em seu discurso bajulador. “E, com isso, deixando o país com dificuldade de manter a qualidade da sua governança e a economia em suspenso na insegurança. Está na hora de todos os brasileiros buscarem o seu compromisso com a democracia que foi tão duramente conquistada entre nós”, disse o ministro.

Isso significa que para Eugênio Aragão, deixando de lado a pífia administração petista, a crise econômica agora é culpa da Operação Lava-Jato, por que não afirmar que é da responsabilidade do juiz Sérgio Moro, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Resumindo, quem rouba deve ser tratado como Vossa Excelência, enquanto os que cumprem a lei são responsabilizados pela instabilidade múltipla que, no vácuo da incompetência palaciana, sacode o País.

Com um palavrório rocambolesco e baseado na intolerância das pessoas em meio à “gravidade do movimento vivido”, Eugênio Aragão disse que “as instituições são caras para todos nós e juízes precisam ser independentes e não podem ser constrangidos por conta de sua opinião”.

“Precisamos garantir que os poderes funcionem regularmente e não sejam submetidos a constrangimentos, que os poderes sejam livres na sua manifestação da soberania popular e não sejam extorquidos de modo a fazer aquilo que este ou aquele grupo entenda que é mais legítimo”, completou.


Na opinião do ministro, a eleição presidencial de 2014 acabou, depois de uma campanha “num tom muito acima da média das campanhas políticas dos últimos anos”, com um resultado acirrado entre os candidatos e “isso levou muita gente a achar que estava legitimado contra o resultado das eleições”. Alguém precisa informar a Eugênio Aragão que a mais recente corrida presidencial foi marcada por uma enxurrada de mentiras, as quais agora brotam em meio à crise, e por um punhado de “pedaladas fiscais”, que de forma acertada embasam o pedido de impeachment de Dilma, sua chefe.

“Vamos ter eleição em 2018 e é importante, para a democracia, ter revezamento do poder e esse revezamento só é possível se todos nós enxergarmos no outro alguém tão legitimado quanto nós”, ressaltou o ministro da Justiça.

Sobre as manifestações nas redes sociais, Aragão disse que atrás dos computadores as pessoas se escondem no anonimato. “Isso é a mesma fonte de perversidade que anima a pornografia infantil nas redes”, disse.
Em evento que tinha como pauta o fim da intolerância, o ministro ressaltou disse “precisamos baixar a bola e desacelerar” para enfrentar as dificuldades do País. “Está na hora”, completou.

Em relação aos que usam as redes sociais para viver no anonimato, há no universo cibernético um sem fim de “camaradas” disfarçados sempre prontos a infernizar a vida daqueles que têm opinião divergente e cobram o fim do governo mais corrupto da história do planeta. Mas há também nas redes sociais aqueles que sugerem o assassinato de integrantes do Supremo Tribunal Federal – como foi o caso de Joaquim Barbosa – sem que o governo que o ministro ora representa tenha tomado qualquer providência contra os delinquentes de aluguel.

Isso posto, fica claro aos brasileiros de bem que o ministro Eugênio Aragão, estreante na Esplanada dos Ministérios como titular da Justiça, perdeu uma preciosa oportunidade de ficar calado. Ele só não foi além em seu devaneio crítico em relação à Operação Carbono 14, pois por certo arrumaria problemas na Procuradoria-Geral da República, onde pessoas comemoraram sua temporária ausência.

Quando um integrante do Ministério Público, mesmo que licenciado, começa a defender um governo comandado por partido que age como organização criminosa, é porque o Brasil acabou e ninguém sabe.

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