Cargos na diretoria de Pasadena foram oferecidos a pessoas que sabiam detalhes do Mensalão do PT

refinaria_pasadena_01Chave de cadeia – Ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa revelou às autoridades, durante depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, que recebeu propina de R$ 1,5 milhão na esteira da compra da obsoleta e superfaturada refinaria de Pasadena, no Texas. Considerando que o valor do negócio chegou a US$ 1,25 bilhão, Costa está se mostrando um criminoso de baixo escalão ou tenta esconder o verdadeiro valor do “cala boca” que recebeu.

Para que o leitor consiga compreender o que representa o valor da suposta propina, a eleição de um deputado federal para a presidência de uma das comissões permanentes da Câmara chega a custar R$ 5 milhões, dependendo da temática do colegiado. Se um político aceita desembolsar tamanha fortuna para chegar ao comando de uma comissão permanente, as propinas pagas no caso de Pasadena certamente foram maiores.

Independentemente do valor recebido por Paulo Roberto Costa, segundo suas próprias declarações, a Petrobras é administrada sob o manto da governança corporativa, o que significa que as decisões importantes são tomadas por uma diretoria colegiada que se reúne regularmente. Significa dizer que outros diretores da estatal podem ter recebido propina no caso da refinaria texana.

A situação mais grave que se depreende da fala de Paulo Roberto é que se propinas foram pagas para que o malfadado negócio fosse aprovado, o Conselho de Administração da petroleira, à época presidido por Dilma Rousseff, é igualmente responsável pela equivocada aquisição. Dilma, é verdade, vem tentando escapar do olho do furacão, mas não há como negar sua participação direta no imbróglio. Afinal, as decisões tomadas pela diretoria colegiada passam, na sequência, pelo crivo do Conselho de Administração.

Apesar de todas as especulações acerca da Operação Lava-Jato que têm surgido na imprensa nacional, não se pode esquecer as muitas denúncias feitas pelo ucho.info, ainda em 2009, quando as autoridades foram informadas sobre os desmandos cometidos por José Janene, o “Xeique do Mensalão”, e o doleiro Alberto Youssef, que continua preso na capital paranaense. Depois da eclosão do escândalo do Mensalão do PT, com a CPMI dos Correios funcionando a pleno vapor, cargos na refinaria de Pasadena foram oferecidos para pessoas que sabiam detalhes do esquema criminoso de compra de parlamentares operado pelo Palácio do Planalto.

Em um dos casos, cargo na diretoria da refinaria texana foi ofertado para que determinado servidor do Congresso não revelasse as entranhas do Mensalão do PT. A oferta, feita por um conhecido senador do PT, foi recusada e a tentativa de suborno revelada ao editor do ucho.info, que por conta do jornalismo vigilante que exerce tornou-se uma espécie de trincheira para o servidor que transformou-se em arquivo vivo.

Em caso de confirmação dos nomes de políticos citados por Paulo Roberto Costa como beneficiários do esquema criminoso que funcionava na Petrobras, muitos candidatos terão de desistir de suas respectivas campanhas, pois o escândalo é muito maior do que se imagina. O ucho.info tem uma lista com mais de sessenta nomes de políticos e parlamentares que mergulharam de cabeça na lama que tomou conta da empresa petrolífera.

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