Carne contaminada por salmonela em unidade da BRF mostra que operação da PF não foi em vão

Horas após a deflagração da Operação Carne Fraca, em 17 de março, o UCHO.INFO afirmou, sem medo de errar, que o Brasil teria de se preparar para um incidente sanitário internacional. Enquanto isso, veículos da grande imprensa nacional dedicavam-se a especulações a partir de vazamentos, como se isso pudesse contribuir para a solução de um problema que é muito mais grave do que a corrupção, pois envolve a saúde pública.

Na sequência, políticos não demoraram a, aproveitando um de comunicação no escopo da Carne Fraca, defender a retomada das discussões no Congresso Nacional do projeto que trata do abuso de autoridade. O objetivo desse movimento não é regulamentar a atuação de autoridades, mas engessar a ação de integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público, como forma de esvaziar a Operação Lava-Jato.

Para a surpresa dos dotados de bom senso, o Palácio do Planalto seguiu a mesma receita e tentou tratar a questão como tema pontual, dando a entender que a Operação Carne Fraca foi uma aberração investigatória que colocou o Brasil em dificuldade com diversos parceiros comerciais planeta afora. Todo esse espetáculo teatral, com ares de ópera bufa, foi a forma encontrada pelos palacianos para “vender” à opinião pública uma suposta inocência na esteira do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

Amador quando o assunto é o Poder Executivo, o presidente Michel Temer acreditou que resolveria o problema maior surgido no vácuo da carne fraca com um churrasco oferecido a embaixadores de diversos países, em Brasília. A Carne Fraca focou em casos de corrupção, mas acabou descobrindo graves irregularidades em relação à fiscalização do setor de proteína animal. Ou seja, seguindo o dito popular, a PF atirou no que viu e acertou no que não viu.

Por questões óbvias, os envolvidos no escândalo alegaram inocência – assim como continuam alegando –, mas provas colhidas ao longo das investigações mostram que o problema é muito mais grave e sério do que imaginam os incautos brasileiros, que continuam acreditando que nada do que foi noticiado é verdade.

À sombra da decisão de empresas da China, Egito e Chile de retomarem a importação de carne brasileira, algo que aconteceu no final de semana, áudios da Operação Carne Fraca revelam contaminação por salmonela em fábrica da BR, na cidade de Mineiros, no interior de Goiás.


Realizadas com autorização da Justiça, as interceptações telefônicas mostram André Luis Baldissera, diretor da unidade goiana da BRF, conversando com um funcionário sobre a contaminação por salmonela e como um fiscal agropecuário poderia ajudar no caso em questão.

Na gravação, Baldissera fala sobre frangos rejeitados pelas autoridades sanitárias italianas por conta de contaminação por salmonela. André Baldissera é uma das 25 pessoas presas preventivamente na Operação Carne Fraca.

Na mesma gravação, o dirigente da BRF comenta que a mencionada contaminação teria potencial para suspender as exportações da fábrica para sempre. Nas gravações entre Baldissera, e o funcionário Roney Nogueira dos falam sobre a ajuda do fiscal Dinis Lourenço da Silva.

No áudio em questão, André Baldissera mostra-se aliviado com a negociação ilícita com o fiscal, que teria ligações com o PDT.e descobre que o fiscal em questão teria relações com o PDT.

Quando mergulhou de vez no oceano da corrupção, o Partido dos Trabalhadores incorporou a palavrório da “companheirada” o termo “presidencialismo de coalizão”, como forma de justificar a roubalheira sistêmica protagonizada pela própria legenda e siglas aliadas.

Um governo que trata questões de saúde pública na mesa de negociações políticas não merece crédito. Em países minimamente responsáveis, os culpados pelo escândalo da vez já estariam presos e com os direitos políticos cassados, pois a comercialização de produtos contaminados deveria ser encarada como crime hediondo.

apoio_04