Chance de Cachoeira permanecer calado na CPI aumenta diante do volume do inquérito da PF

Manobra radical – A possibilidade de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ficar calado durante depoimento na CPI, remarcado para a próxima terça-feira (22) é ainda maior. Tudo porque seus advogados, comandados pelo criminalista e ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, consideraram pouco o tempo para analisar mais de 90 mil arquivos de áudio com as gravações telefônicas feitas com a autorização da Justiça pela Polícia Federal.

Cumprindo ordem judicial de manter o sigilo do processo, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) não permitiu que os defensores de Cachoeira tirassem cópia do processo. Para auxiliar a defesa, Vital do Rêgo permitiu que os advogados tenham acesso aos documentos inclusive no final de semana. Como, mesmo com esse período adicional, analisar o processo na totalidade é algo impossível, a tendência é que Cachoeira se valha do direito de permanecer calado.

Esse desfecho já era esperado, pois os advogados trabalham desde o começo do caso para que o contraventor fale o menos possível e evite um desfecho ainda pior, uma vez que há muito mais autoridades envolvidas no escândalo do que se imagina. Uma investigação mais profunda a partir de eventuais declarações de Cachoeira poderia provocar uma hecatombe política, chegando inclusive aos mais altos níveis do Executivo.

A ideia de Luiz Inácio da Silva de incentivar a criação da CPI apenas para alvejar o governador Marconi Perillo, de Goiás, acabou saindo do controle do PT e a ordem agora é trabalhar para que os trabalhos da Comissão terminem em uma enorme e mal cheirosa pizza, olor esse que já começa a circular pelos ares do Brasil.