Chefe da intifada que chacoalha o PP, Ciro Nogueira foi ferrenho defensor de Roger Abdelmassih

Quem te viu… – Diz a sabedoria popular que o tempo é o senhor da razão. Se na maioria das vezes esse ditado não vale no mundo da política, em alguns momentos é possível remexer no passado e pinçar o tropeço de alguns parlamentares, os quais via de regra discursam em proveito próprio, mesmo homenageando um terceiro.

Líder da rebelião que domina o Partido Progressista, o senador Ciro Nogueira, do Piauí, há dias comemorava em Teresina a queda do ministro Mário Negromonte, das Cidades, algo que não aconteceu. Ciro, que durante muito tempo foi incensado por Severino Cavalcanti, polêmico ex-presidente da Câmara dos Deputados, cobiça o único ministério cedido ao PP por motivos pessoais e eleitorais. Primeiro porque faz parte da sua vaidade galgar postos na vida pública. Em segundo lugar está a necessidade de abrir vaga ao seu suplente, o rico empresário João Claudino, que pode ter despejado muito dinheiro na campanha do titular da vaga.

Responsável pela intifada que culminou com a queda do deputado Nelson Meurer (PP-PR) da liderança do partido na Câmara, Ciro Nogueira teve como apoiadores o senador Benedito de Lira (AL) e os deputados federais Eduardo da Fonte (PE), Espiridião Amin (SC) e Paulo Salim Maluf (SP). Acontece que Nogueira, que tenta chamar para si o comando do Partido Progressista, atropelando inclusive o presidente nacional da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ), já não se recorda do discurso que fez em 2002 a partir da tribuna da Câmara dos Deputados.

Na ocasião, Ciro Nogueira se inscreveu para discursar, pois precisava tecer loas ao agora ex-médico e foragido Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por conta de mais de cinquenta estupros cometidos contra pacientes de sua outrora clínica de reprodução humana.

Em seu discurso, Ciro Nogueira, que destacou o título de cidadão paulistano concedido pela Câmara Municipal de São Paulo a Abdelmassih, disse que a comenda teve como base os princípios éticos, morais e científicos do ex-médico. “Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, o reconhecimento pelas autoridades paulistanas, calcado em princípios éticos, morais e científicos, traduzem a personalidade do Dr. Roger Abdelmassih, merecedor da mais elevada atenção deste Parlamento”, disse Ciro Nogueira.

“Sobretudo Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, como representante da sociedade brasileira sinto-me no dever de externar da Tribuna desta Casa, a “expressão” maior da história médica moderna, perpetuada na pessoa do ilustre médico e cidadão paulistano”, emendou o então deputado federal e agora senador pelo Piauí, em 4 de junho de 2002.

A defesa que o senador Ciro Nogueira fez de Roger Abdelmassih mostra que sua pretensão de chegar ao Ministério das Cidades pode ter ido pelos ares. Fora isso, há nos bastidores do poder certa desconfiança sobre a relação do senador piauiense com o agora foragido Roger, que pode ir muito além de um discurso feito a partir da tribuna da Câmara dos Deputados.

Clique e confira a íntegra do discurso de Ciro Nogueira em favor de Roger Abdelmassih