Com 16,9 milhões de votos a favor do “Brexit”, Reino Unido deixará a União Europeia

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Em referendo histórico, com mobilização recorde do eleitorado (superior a 70%), o Reino Unido decidiu na quinta-feira (23) deixar a União Europeia (UE). No início da madrugada (horário de Brasília) desta sexta-feira, com a divulgação dos resultados parciais, bolsas de valores da Ásia desabaram e a libra esterlina despencou ao menor valor frente ao dólar desde 1985, como efeito imediato diante da vitória do “Brexit”.

Com a apuração dos resultados de 331 dos 382 distritos eleitorais, os números parciais apontavam 52% dos votos pela saída, contra 48% pela permanência. O dia começava a amanhecer em Londres quando emissora britânica BBC confirmou que o resultado era irreversível.

Repetindo o que ocorreu na eleição geral britânica de 2015, as pesquisas de intenção de voto não conseguiram antecipar os números das urnas. Pesquisas apontavam para a vitória do “permanecer” e dois importantes políticos, que fizeram campanha contra a UE, chegaram a afirmar que apostavam na derrota pouco após fechamento das urnas.

Durante a quinta-feira, a expectativa de vitória do campo favorável à Europa provocou otimismo no mercado financeiro, o que foi considerado como uma confirmação dos resultados das pesquisas. Por conta desse otimismo que se desfez na madrugada, as principais bolsas europeias fecharam em alta: Londres com 1,23%, Frankfurt com 1,85% e Paris com 1,96%.

Contudo, com a inversão do cenário que parecia ser definitivo, os mercados financeiros asiáticos, logo na abertura dos negócios, passaram a refletir o pessimismo com o avanço da apuração e, na sequência, a confirmação da vitória do “Brexit”.

Às 6h20 desta sexta-feira (horário de Londres), o resultado foi anunciado o resultado: 16,9 milhões de britânicos votaram a favor do “Brexit”. O governo britânico não tem a obrigação de seguir o resultado do referendo, mas a tendência é que o desejo da maioria dos eleitores seja respeitado. O processo de saída da UE pode demorar dois anos ou mais.


Derrota política

Logo após o fechamento das urnas, em mensagem publicada no Twitter, o primeiro-ministro David Cameron, líder da campanha a favor da União Europeia, agradeceu o apoio da opinião pública. “Obrigado a todos que votaram para manter o Reino Unido mais forte, mais seguro e melhor na Europa”, escreveu o premiê britânico.

A realização do referendo foi uma das principais bandeiras de Cameron para pacificar grupos de seu próprio partido que mostravam insatisfação com União Europeia. O primeiro-ministro apostava em vitória tranquila do “Remain”, mas foi surpreendido por um resultado que pode lhe custar a carreira política.

Na quinta-feira, enquanto a votação acontecia, um grupo de parlamentares conservadores afirmou, por meio de nota conjunta, que Deveria permanecer no comando do governo independentemente do resultado.

Por outro lado, com o avanço da madrugada, líderes de partidos favoráveis ao “Brexit” já pediam a renúncia de Cameron. Analistas políticos afirmaram que o sentimento anti-UE foi inesperadamente forte nas cidades inglesas do norte, duramente afetadas pelo declínio das indústrias e perda de empregos.

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