Com dificuldades para pagar garantia de fiança, Marin pode perder o privilégio da prisão domiciliar

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Ex-presidente da CBF e às voltas com autoridades dos Estados Unidos, no rastro de um escândalo de corrupção envolvendo a FIFA, José Maria Marin enfrenta dificuldades para pagar a garantia de US$ 1 milhão à Corte de Nova York. O pagamento está previsto no acordo de prisão domiciliar, já que o cartola brasileiro é dono de um caro e luxuoso apartamento na cidade norte-americana.

Na segunda-feira (3), em carta ao juiz Raymond Dearie, o advogado de Marin afirma que eles “esperavam entregar o valor de US$ 1 milhão hoje [segunda-feira (30)], mas enfrentamos algumas dificuldades. De toda forma, um cheque no valor de US$ 769 mil será emitido amanhã [terça (1º)]”.

A dificuldade em pagar a garantia exigida pela Justiça dos EUA não significa que Marin esteja sem dinheiro, mas a legislação norte-americana exige que o réu comprove a origem lícita dos recursos ou bens usados na operação. Sem que isso ocorra a fiança não é oficializada, o que pode levar o ex-presidente da CBF à cadeia, em Nova York.

Responsável pela defesa de Marin, o advogado Charles Stillman destaca no documento que seu cliente conseguiu carta de crédito no valor de US$ milhões junto a um banco brasileiro, mas de igual modo será preciso dissecar a operação financeira para que as autoridades ianques estejam certas da licitude do negócio.

“Estamos trabalhando para finalizar a emissão. Continuo com a expectativa de conseguir até 4 de abril ou próximo dessa data”, escreveu Stillman.
A Corte de NY determinou que o pagamento de US$ 1 milhão e a carta de crédito de US$ 2 milhões fossem viabilizados até 6 de novembro passado, mas o advogado pediu dilatação do prazo, o que foi prontamente atendido pelo juiz do caso.

Na carta, Charles Stillman informa ao juiz que o governo norte-americano, que acusa Marin e seus comparsas de corrupção no futebol planetário, não concorda que a alteração de prazo seja registrada na decisão judicial sobre o acordo.

A fiança estipulada pela Corte de Nova York para que Marin aguarde o julgamento em prisão domiciliar foi de US$ 15 milhões, mas a Justiça ianque estabelece que a mesma [fiança] deve ser prestada por um personagem conhecido como “bail bondsman”, que pelo serviço cobra um percentual sobre o valor. No caso de Marin, a comissão do “bail bondsman” é de 20%, o que explica a exigência de US$ 3 milhões.

A fiança (US$ 15 milhões) deve estar devidamente respaldada por bens e ativos financeiros disponibilizados pelo réu, em valor igual ou maior do que o estipulado pela Justiça, sendo que a execução da mesma se dá em caso de fuga do acusado ou descumprimento das regras da prisão domiciliar. Segundo o que foi acordado com o juiz, Marin, que é monitorado por tornezeleira eletrônica, só pode sair de seu apartamento para ir ao supermercado, ao médico e à igreja.

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