Comissão do Impeachment aprova relatório de Anastasia, mas Dilma insiste em golpe

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Apesar da decisão da Comissão Especial do Impeachment, no Senado, ter aprovado, por 15 votos a 5, o relatório pela admissibilidade do processo de impedimento da presidente da República, o discurso do golpe entoado pela esquerda parece não ceder. A cantilena não apenas sobrou na sessão de votação, mas recheou o discurso de Dilma Rousseff durante evento no Palácio do Planalto, que nos últimos meses foi transformado em palanque contra o impeachment.

“Gostaria de dizer aos senhores que meu processo [de impeachment] é um processo violento. Como ele foi feito? Foi necessário uma pessoa destituída de princípios morais e éticos, acusada de lavagem de dinheiro e de contas no exterior para perpetrar este golpe”, disse Dilma aos presentes.

Entre o que pensa a presidente acerca do processo e a legalidade do mesmo há uma enorme diferença. Dilma tem o direito constitucional de manifestar livremente o seu pensamento, mas não pode querer rotular como golpe um processo que vem cumprindo à risca o que determina a legislação vigente.

O governo perdeu a legitimidade quando foi derrotado de forma vergonhosa no plenário da Câmara dos Deputados, em 17 de abril, data em que a admissibilidade do processo foi aprovada pela extensa maioria dos parlamentares da Casa.


Falar em golpe é não querer enxergar o óbvio, mas Dilma insiste em não aceitar a própria derrota. A decisão da Câmara seguiu o rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal e só foi viável porque muitos integrantes da chamada base aliada, que até recentemente participavam do governo, decidiram apoiar o pedido assinado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal.

Se aprovado no plenário do Senado na próxima quarta-feira (11), o afastamento de Dilma dar-se-á em caráter temporário, por prazo máximo de 180 dias, ou até que o plenário da Casa decida sobre o mérito do processo.

A etapa seguinte, que pode culminar no afastamento definitivo, ainda não conta com os votos necessários para ser aprovado (54), mas em Brasília fala-se que esse número será alcançado com certa facilidade, em especial porque Michel Temer, por ocasião da decisão final, estará na Presidência da República e com a caneta cheia de tinta. Ou seja, Dilma pode começar a arrumar a mudança.

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