Como se fosse Dilma de terno e topete, Trump decide brincar de cortar impostos e pode arruinar o planeta

“Trump é meu pastor, nada me faltará”. Assim, sob esse mantra de camelô, a tresloucada direita planetária continua a incensar o presidente dos Estados Unidos, que faz da Casa Branca o cenário de um reality show decadente. Não importa o que Donald Trump faça ou diga, pois aduladores creem que seus atos são verdadeiros milagres.

Incompetente como governante e sem ter cumprido, até agora, com as mais e polêmicas promessas de campanha – construção do muro na fronteira com o México e a prisão de Hillary Clinton – Trump agora decidiu brincar de gênio da economia, a exemplo do que fez a estúpida Dilma Rousseff no Brasil. Aliás, Donald e Dilma só diferem no gênero e na ideologia, já que nos outros quesitos são irmãos siameses.

A mais nova invencionice do aprendiz bufão é uma drástica redução de impostos para pessoas físicas e jurídicas, sendo que os maiores beneficiados serão os mais ricos. Para o setor privado, por exemplo, Trump propõe reduzir de maneira drástica o teto do chamado imposto corporativo sobre rendimentos de empresas grandes e pequenas de 35% para 15%. Sem se preocupar com o sempre crescente déficit orçamentário norte-americano, o presidente ignora que tal essa taxa é a terceira maior fonte de receita do governo. A desoneração proposta acarretará um impacto negativo de US$ 150 bilhões nas contas públicas.

Aqueles que desconhecem os princípios básicos da economia creem que Donald Trump é a reedição contemporânea de Messias, o salvador do universo. Contudo, a realidade é diversa e extremamente preocupante. Em dezembro de 2016, o débito corrente dos EUA já flertava com US$ 20 trilhões, mas Trump quer abusar do populismo barato. Corte drástico na carga tributária, seja qual for o país, é uma operação tão complexa e arriscada quanto tirar um pote de ração diante de um pitbull feroz e faminto.

A redução acentuada de impostos, desde que de curto prazo, é aceitável se o objetivo for dar um pontual impulso na economia. Algo que os EUA não precisam no momento. Do contrário é suicídio econômico, situação que os brasileiros conhecem bem e cuja fatura continuam pagando a peso de ouro.

A se confirmar o desvario de Donald Trump, a economia norte-americana enfrentará as consequências da maior liquidez no mercado de consumo, pois o cidadão terá à disposição mais dinheiro, ao passo que empresas oferecerão produtos e serviços mais baratos. Aparentemente trata-se de uma receita mágica, mas na verdade é uma bomba-relógio.


A grande questão está no fato de que não se incentiva a economia de forma tão infantil e estabanada. O repentino crescimento do consumo interno significa alta da inflação, que por sua vez terá de ser combatida com a elevação das taxas de juro. Ou seja, o plano de Trump pode tornar-se inócuo em pouco tempo, caso não sucumba antes de sair no ninho.

O fato de as autoridades monetárias dos EUA eventualmente aumentarem as taxas de juro é o antídoto adequado para a peçonha inflacionária. O problema é que esse movimento levará à bancarrota algumas nações ao redor do planeta, pois investidores buscarão a segurança dos títulos do Tesouro americano, ao passo que muitos países terão dificuldades no momento da rolagem de suas dívidas no mercado internacional.

Por outro lado, na seara geopolítica, Trump está brincando com fogo alto. O inquilino da Casa Branca ainda não percebeu que a Coreia do Norte é o coringa que a China para manter a hegemonia na região. Pequim financia Pyongyang muito mais do que anunciado oficialmente, para que Kim Jong-un continue sendo uma ameaça constante, assim como foi Kim Jong-il, pai do atual ditador.

Apenas para ilustrar a matéria, China e Japão têm em seus respectivos cofres 37,2% do total da dívida norte-americana. Sendo que o Japão depende do “bom-mocismo” chinês para continuar sobrevivendo na região que é refém do destempero histriônico de Kim Jong-un.

É importante lembrar que durante a campanha presidencial Donald Trump prometeu tratar a pontapés a concorrência chinesa, como se a dependência dos americanos em relação aos produtos fabricados no país da Grande Muralha pudesse desaparecer como uma reles pedra que atirada no lago mais próximo.

Esse cenário pouco importa, desde que Donald Trump, um détraqué conhecido, continue brincando de “Senhor dos Anéis” enquanto o mundo derrete no vácuo de suas bizarrices.

apoio_04