Copom reduz a Selic a 13% ao ano, mas não cabe empolgação em cenário de crise econômica grave

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No mesmo dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que o IPCA de 2016 fechou o ano de 2016 em 6,29% – ligeiramente abaixo do teto da meta –, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central decidiu reduzir em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juro. Com a decisão desta quarta-feira (11), a Selic passa a valer 13% ao ano.

A medida está sendo encarada por especialistas como um sinal de que a retomada da economia deve acontecer em breve, mas não se deve apostar nesse cenário de forma tão prematura, o que configura um ato de irresponsabilidade. A questão não é fomentar o pessimismo, mas analisar o cenário econômico de forma ampla e isenta.

O corte na taxa básica de juro definido pelo Copom é o maior em quase cinco anos, já que a última vez que redução semelhante (0,75 ponto percentual) ocorreu foi em abril de 2012, quando caiu de 9,75% para 9% ao ano.

A decisão desta quarta-feira mostra que o Banco Central optou por aumentar o ritmo de redução da Selic, pois previsões de vários organismos apontam para uma recuperação da economia mais lenta do que o planejado.


Como informou o UCHO.INFO em matéria anterior, o recuo da inflação oficial não resultou de medidas econômicas adotadas pelo governo federal, mas de uma inegável queda no consumo. Isso fez com que diminuísse a pressão sobre os preços de produtos e serviços, levando a uma redução do IPCA de 2016.

Mesmo assim, este portal recomenda cautela, uma vez que o Palácio do Planalto continua dependendo de um Parlamento cada vez mais fisiologista para aprovar as medidas necessárias para que o País saia do atoleiro da crise.

De nada adianta reduzir a taxa básica de juro, no afã de estimular o consumo, se o governo não fizer a parte que lhe cabe. Qualquer empolgação que surja no vácuo da decisão do Copom pode alimentar um efeito reverso mais adiante, fazendo com que a inflação volte a disparar. Ademais, 13% de juro ao ano, taxa referencial que não chega ao consumidor final, é o que se pode chamar de prenúncio de assalto a mão armada.

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