CPI da Petrobras: convocar Cardozo para poupar Dirceu é colocar o mensaleiro na ala VIP do Petrolão

jose_dirceu_42Fio trocado – A decisão do Partido dos Trabalhadores de evitar que o mensaleiro José Dirceu fosse chamado a depor na CPI da Petrobras, colocando em seu lugar o ministro José Eduardo Martins Cardozo (Justiça), é o que se pode chamar de tiro no pé. A ideia inicial era evitar o alastramento da crise que derrete a legenda, mas a manobra, que teve direito a declarações emocionadas do relator da comissão, deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ), serviu apenas para colocar Dirceu em posição de destaque no cerne do Petrolão, já que o ex-chefe da Casa Civil é alvo de investigações no âmbito da Operação Lava-Jato.

José Dirceu é acusado de usar sua empresa de consultoria para mascarar o recebimento de propinas provenientes do esquema criminoso que durante uma década funcionou na Petrobras, mas poupá-lo neste momento crucial pode ser prejudicial ao governo de Dilma Rousseff, que abandonou o ex-comissário palaciano desde a Ação Penal 470 (Mensalão do PT), assim como fez o ex-presidente e agora lobista de empreiteira Luiz Inácio da Silva. Com Dirceu no olho do furacão da Lava-Jato, cresce a possibilidade de vazamento de informações até então desconhecidas acerca do esquema de corrupção. Até porque, o ex-ministro já deu sinais de que não arcará sozinho com essa fatura.

No momento em que o clima de “salve-se quem puder” toma conta do núcleo petista, ter José Dirceu fora de controle é uma ameaça considerável, principalmente diante da iminência de um pedido de prisão por parte do juiz da Lava-Jato. Tanto é assim, que Lula começa a se preocupar não apenas com o desmonte do partido, mas com a possibilidade cada vez maior de ser arrastado de vez para o centro do escândalo. O que faria com que o PT implodisse, levando ao ralo um projeto totalitarista de poder, cujo objetivo primeiro e maior é transformar o Brasil em uma versão agigantada e moderada da vizinha e combalida Venezuela.

A convocação de Cardozo será um péssimo negócio para o governo, a depender da postura da chamada base aliada na CPI da Petrobras. Sempre lembrando que a bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, onde tramita a CPI, está cada vez mais distante do governo e do próprio PT. Isso significa que o ministro da Justiça enfrentará uma comissão com ânimos exaltados, principalmente porque Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e Renan Calheiros, presidente do Senado, acreditam que seus nomes foram incluídos na lista do procurador-geral da República a mando do Palácio do Planalto.

No caso de tentar explicar o imbróglio dos grampos instalados na cela em que encontra-se preso o doleiro Alberto Youssef, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, Cardozo poderá levar mais problemas para o governo, que há muito perdeu o controle do País e dos aliados. O episódio pé um caso clássico de violação da lei por parte de um governo que acredita ser a PF um apêndice do Palácio do Planalto, quando na verdade é uma polícia de Estado, cuja missão é combater crimes no âmbito federal.

A escuta ilegal instalada na cela de Youssef é prova de que desde os primeiros dias após a deflagração da Operação Lava-Jato o PT e o governo estavam preocupados com os desdobramentos do escândalo, que, como afirmou o UCHO.INFO em diversas ocasiões, atingir o núcleo palaciano e do partido era uma questão de tempo. Esse temor oficial explica as muitas incursões criminosas contra o UCHO.INFO e seu editor, assim como seus familiares, pelo simples fato de o site ter sido um dos responsáveis pela denúncia que culminou com a Operação Lava-Jato. A exemplo do que temos noticiado de forma reiterada, que os ousados que tentam nos intimidar desistam de suas ações, pois nosso compromisso é com o Brasil e os brasileiros. Sem contar que nosso estoque de denúncias e escândalos é explosivo e grande.

Voltando ao depoimento de José Eduardo Cardozo, o ministro poderia aproveitar a oportunidade e falar sobre a “companheira” Erenice Guerra, que longe dos holofotes continua operando nos bastidores do poder com a desenvoltura de sempre. Aliás, Cardozo, como advogado que é, sabe detalhes interessantes acerca da defesa de Erenice.

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