Crise econômica: IPCA desacelera em abril, mas atinge o pior nível para o mês em doze anos

juros_17Radiografia do caos – A prévia da inflação oficial brasileira desacelerou pelo segundo mês seguido em abril, a 1,07%, entretanto registrou o maior nível em doze anos para o mês e no acumulado em doze meses teve o pior resultado desde janeiro de 2004, mantendo o Banco Central sob pressão para controlar a alta dos preços.

Vale ressaltar que em março a alta foi de 1,24%. O resultado de abril do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) é o mais forte para o mês desde a alta de 1,14% observada em 2003.

Assim, o indicador acumulou em 12 meses até abril avanço de 8,22%, contra 7,90% em março, nível mais alto desde que chegou a 8,46% em janeiro de 2004, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (17).

Assim o indicador permanece bem acima do teto da meta do governo – de 4,5% com margem de 2 pontos percentuais – e permanece perto do nível em que especialistas calculam que a inflação vai encerrar este ano.

Os resultados ficaram acima do esperado em pesquisa da Reuters, de alta de 1% na base mensal e de 8,14% em 12 meses na mediana das estimativas.

De acordo com o IBGE, o maior responsável individualmente pelo resultado mensal de abril foi a energia elétrica, com 0,45% após alta de 13,02% no mês. Isso levou o grupo Habitação a registrar a maior alta, de 3,66%, contra 2,78% em março.

Já os setores como a alimentação e bebidas também pesaram em abril, apesar de o grupo ter desacelerado a alta a 1,04% contra 1,22% no mês anterior. Juntos, os dois grupos responderam por 75,70% do índice de abril, segundo o IBGE, somando 0,81%.

A inflação no país vem sendo fortemente impactada no início de 2015, principalmente pelos diferentes reajustes das tarifas de energia elétrica. Segundo o IBGE, em abril somente a bandeira vermelha vigente nas contas de energia aumentou 83,33%, passando de R$ 3,00 para R$ 5,50.

Desta forma, os preços administrados permanecem como o maior peso sobre a inflação em 2015, com expectativa de especialistas na pesquisa Focus do Banco Central de alta de 13% para esse grupo. Para o IPCA, a expectativa é de avanço de 8,13% ao final de 2015.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir no final de abril para decidir sobre a taxa básica de juro Selic, atualmente em 12,75. De acordo com o Boletim Focus, que semanalmente consulta os economistas das maiores instituições financeiras em atividade no País, especialistas apostam na manutenção do ritmo de aperto monetário com nova alta de meio ponto percentual, levando a Selic a 13,25%. (Por Danielle Cabral Távora)

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