Crise: eleições de outubro próximo devem dificultar planos da equipe econômica do governo

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O governo interino de Michel Temer, que está prestes a tornar-se efetivo, a depender do resultado do julgamento do processo de impeachment, tentará aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto de gastos públicos até outubro na Câmara e até o fim de 2016 no Senado. Contudo, as eleições municipais prometem ser um grande empecilho não só pelo calendário de trabalho mais estreito, mas também pela pouca disposição dos parlamentares da base em apoiar causas que contrariam grupos mais organizados.

As eleições municipais de outubro são o principal motivo das dificuldades que levaram o governo a abrir mão de regras que apertariam os gastos de Estados com as folhas salariais. Uma disciplina mais forte nas despesas era a contrapartida para o alívio de caixa proporcionado pela renegociação das dívidas estaduais com o Tesouro.

Entretanto, o governo Temer foi avisado que os deputados, muitos candidatos a prefeito, não comprariam briga com o funcionalismo. Como consequência, foram retirados da proposta itens que facilitariam o aperto dessas despesas. Da mesma forma, a proposta de reforma da Previdência só seguirá para o Congresso Nacional após as eleições.


Chamadas à negociação, as centrais sindicais discordaram da a linha de trabalho do governo e prometem fazer dura oposição à proposta.

Apesar das inúmeras dificuldades, Temer deverá reafirmar, em seu discurso de posse, caso seja confirmado no posto, o compromisso do governo com quatro reformas: da Previdência, trabalhista, tributária e política. Dessas, a previdenciária é a mais adiantada. A trabalhista está em estudos na área econômica.

De acordo com a assessoria palaciana, a definição do cenário político, com a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, não deverá mudar o ritmo de tramitação dessas propostas no Congresso. “A dinâmica deve ser mais ou menos a mesma”, disse um assessor de Temer. Assim, a agenda econômica deverá exigir o máximo da propalada capacidade negociadora do eventual presidente.

Para piorar um cenário marcado por múltiplas dificuldades, o presidente Michel Temer, se efetivado no cargo, terá de enfrentar a peçonha da esquerda, em especial do PT, que para tentar ressurgir da lama da corrupção precisará adotar um discurso moralista e de defesa dos oprimidos pela direita golpista, o que significa endurecimento do jogo no Congresso.

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