Crise venezuelana obriga governo de Roraima a criar gabinete para lidar com refugiados e prostituição

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O governo de Roraima decidiu criar um “gabinete de emergência” para enfrentar o aumento do número de refugiados venezuelanos que atravessam a fronteira seca ao norte do Brasil em busca de melhores condições de vida. Sem ter certeza do número efetivo de venezuelanos que entraram em território nacional, as autoridades roraimenses estimam que passem de 30 mil.

O gabinete especial contará com representantes de diversas secretarias estaduais, além da coordenação do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil. De acordo com o comandante dos Bombeiros e da Defesa Civil, coronel Edvaldo Amaral, a medida visa intensificar a ação do governo local para tentar conter a crise.

A estratégia Roraima pode esbarrar em um problema local: o governo de Roraima atrasou os salários dos funcionários públicos e anunciou que pretende parcelar o pagamento da folha O secretário da Fazenda do Estado, Shiská Pereira, atribui o problema à redução no repasse do Fundo de Participação dos Estados (FPE) por parte do governo federal.

Enquanto as propostas de solução esbarram na burocracia, refugiados venezuelanos tentam ganhar a vida na capital Boa Vista, assim como em Pacaraima – primeira cidade após a fronteira – ou em Manaus, para onde partem ônibus regularmente da Rodoviária Internacional.


Nos semáforos, muitos jovens, alguns com bonés de times de beisebol da Venezuela ou camisas da seleção de futebol do vizinho país, oferecem produtos e fazem malabarismo na esperança de conseguir alguma ajuda financeira. Há também que peça esmola nos cruzamentos.

A Polícia Federal deportou cerca de 140 venezuelanos no começo da semana, mas a operação é inócua diante do grande fluxo de refugiados. Para chegar a Boa Vista ou Manaus, os venezuelanos precisam de visto especial, concedido em um posto de fronteira pouco antes de Pacaraima.

Esse mesmo movimento foi visto por ocasião da chegada dos refugiados haitianos, que entraram no Brasil pelo Acre, cujo governo tratou de enviá-los para o Sul do país, em especial para a capital paulista. Os venezuelanos não descartam a possibilidade de seguirem viagem à maior cidade brasileira, São Paulo, mesmo desconhecendo o que podem enfrentar.

Além da exploração de mão de obra barata no comércio e outros negócios em Pacaraima, a crise venezuelana também empurrou ao Brasil muitas mulheres para a prostituição. As autoridades da cidade não têm números exatos, mas sabe-se que houve significativo aumento da exploração sexual de venezuelanas A maioria das mulheres atravessa a fronteira diariamente, levada por aliciadores no fim da tarde, voltando para a Venezuela no raiar do dia.

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