De olho em 2018, PSDB pressiona Michel Temer pelo bônus, mas não quer abraçar o ônus

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O falso moralismo do PSDB começa a desmoronar, pelo menos no âmbito federal. Acostumados a caminhar sobre salto alto, como se a legenda fosse a maior referência de eficácia político-administrativa, os tucanos fazem com o presidente interino Michel Temer exatamente aquilo que condenavam na era petista. O fisiologismo rasteiro e a troca de apoio por cargos e promessas.

Soberbos e eloquentes, os peessedebistas reuniram-se com Temer, na noite de quarta-feira (17), em torno de um jantar no Palácio do Jaburu. Ao final do regabofe político ficou acertado que Aloysio Nunes Ferreira Filho (SP), líder do governo no Senado, passará a participar das reuniões do núcleo econômico do governo. Ou seja, o tucanato quer dar palpite nas decisões do governo.

Essa movimentação dos tucanos mira as eleições de 2018, em especial a presidencial, que certamente provocará uma intifada no partido. Isso porque, por enquanto, o PSDB tem ao menos três pré-candidatos: Aécio Neves (MG), presidente nacional do partido; José Serra, senador licenciado e ministro de Relações Exteriores; e Geraldo Alckmin, governador de São Paulo.

O encontro político-gastronômico foi agendado depois que o PSDB passou a criticar os recuos do governo em relação às medidas de ajuste fiscal. A preocupação dos tucanos é que o governo de Michel Temer pode levar da interinidade à efetividade a sensação de que é fraco diante de pressões externas, como aconteceu no caso da renegociação das dívidas estaduais.

Em tese, os partidos que integram a base de apoio a Michel Temer querem que o governo consiga debelar a crise, desde que isso não ocorra de forma plena. Afinal, com a derrota da crise econômica que chacoalha o Brasil, Temer fará o sucessor com certa facilidade. Eis o temor dos partidos dito aliados. Em suma, querem que o cenário econômico melhore, mas nem tanto, pois é preciso ter um punha de problemas para rechear os palanques de 2018.


“O presidente não tem a possibilidade de errar de agora em diante. Nós apresentamos a ele os mesmos temas que já tínhamos apresentado, de reformas estruturais no País. O que nós ouvimos do presidente Michel e de alguns dos seus principais assessores, é que ele tem absoluta disposição de inaugurar na semana que vem um tempo novo em seu governo, onde a agenda de reformas seja clara e o governo como um todo, não apenas o PSDB ou alguns dos aliados, lute por ela. Uma agenda que vai recuperar o País”, disse Aécio Neves ao deixar o Palácio do Jaburu.

O PSDB sabe que para colocar a economia nos trilhos são necessárias medidas duras e impopulares, o que desgastará eleitoralmente o governo Temer e o próprio PMDB. Entre a teoria e a prática há uma distância considerável, mas os tucanos, que durante mais de uma década abusaram da soberba, não querem comprometer os planos eleitorais da legenda.

Na verdade, qualquer crise econômica grave, como a enfrentada pelo País, pode ser comparada a um enorme tumor na parte mais delicada e sensível da aorta. Deixá-lo no lugar é extremamente perigoso, retirá-lo às pressas é um enorme risco. De tal modo, não será um cirurgião afobado ou um bisturi impreciso que resolverá o problema.

Resumindo, ou os brasileiros, cidadãos comuns e políticos, longe das cangalhas ideológicas, unem-se em torno de uma causa nobre e patriótica, ou o melhor é jogar a toalha e admitir que o Brasil é o reino do “faz de conta”.

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