Declarações do secretário de Segurança do RN mostram necessidade de intervenção federal

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Que o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), é frouxo todos sabem. E como tal não poderia ter escolhido alguém que lhe fizesse ao cuidar da segurança pública do estado nordestino. Titular da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do RN, Caio César Marques Bezerra é o que se pode chamar de ode à embromação.

Nesta segunda-feira (23), no décimo dia de controle do presídio de Alcaçuz, em Nísia Floresta (região metropolitana de Natal), pelos criminosos, Caio Bezerra anunciou um plano para a retomada da unidade prisional. Pressionado pelos jornalistas, o secretário por pouco não perdeu a compostura, pois sua fala evasiva não convenceu os profissionais da imprensa que insistiam em perguntas que ficaram sem respostas.

Bezerra disse que policiais conseguem entrar no presídio a qualquer momento, o que não é verdade, pois o estabelecimento penal continua nas mãos dos integrantes de duas facções criminosas rivais. A situação é tão grave, que após a instalação de um muro erguido com contêineres no pátio do presídio, os presos continuam fora das celas, circulando livremente, e em cima do que restou dos telhados dos prédios existentes no local.

Sobre a apreensão de armas de fogo e brancas, drogas, celulares e explosivos, o secretário potiguar disse que policiais adentram ao presídio diariamente e fazem apreensões, tendo tirado de lá vários caminhões com produtos proibidos. Mesmo assim, como se Alcaçuz fosse o endereço verde-louro do milagre da multiplicação, quanto mais armas são apreendidas, mais aparecem nas mãos dos bandidos.

Ao falar sobre a retomada do controle do presídio, Caio Marques Bezerra abusou da ironia e disse que Alcaçuz está sob a vigilância dos agentes penitenciários e dos integrantes da Força Nacional de Segurança e de militares das Forças Armadas. Na verdade, o presídio de Alcaçuz continua sob as ordens das facções criminosas, sendo que as forças policiais não atravessam os muros antes de complexa negociação com os presos.


Questionado sobre como e quando se dará a construção do anunciado muro de concreto, que servirá para separar as facções rivais, o secretário de Segurança afirmou que a obra está em andamento. Uma tolice sem precedentes, pois os presos continuam circulando livremente pelo presídio, o que ameaça a segurança dos executores da obra.

Afirmar que o presídio de Alcaçuz está sob o controle das autoridades policiais e de segurança é uma irresponsabilidade desmedida, pois na última rebelião o diretor do estabelecimento penal foi alvo de tentativa de homicídio, que não se consumou por obra do Criador.

Os integrantes da Força Nacional de Segurança, que por impedimento legal não podem adentrar ao presídio, passam o tempo todo circulando ao redor do presido a bordo de uma camionete, como se isso resolvesse o problema interno, que há muito é um desrespeito ao Estado Democrático de Direito. Ademais, beira a insanidade erguer um presídio de segurança máxima em cima de uma duna de areia.

Acionado pelo governador Robinson Faria, o presidente da República autorizou o envio de tropas militares e da Força nacional ao Rio Grande do Norte, onde as autoridades continuam acuadas diante da ação ousada dos criminosos. Resta saber o que Michel Temer está esperando para decretar intervenção no Rio Grande do Norte.

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