Defesa de Lula quer inocentar petista no grito e bate boca com Sérgio Moro durante audiência em Curitiba

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Tirante o renomado criminalista José Roberto Batochio, a defesa do ex-presidente Lula, o dramaturgo do Petrolão, jamais teve um cliente que destilasse tamanha notoriedade, mesmo que na condição de réu em ações penais por corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de influência e outros crimes.

Nesta segunda-feira (12), durante audiência do processo que trata do polêmico apartamento triplex em Guarujá, cidade do litoral paulista, o juiz federal Sérgio Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato, acabou discutindo com um dos advogados do petista.

Durante o depoimento de Mariuza Aparecida Marques, funcionária da empreiteira OAS encarregada pela supervisão do edifício Solaris, em Guarujá, o advogado Juarez Cirino dos Santos, que integra a defesa de Lula, e o juiz travaram áspera discussão. Aos berros, Moro exigiu respeito ao advogado, que momentos antes acusou o juiz de atuar como “acusador principal”.

O procurador da República que participou da audiência insistiu na pergunta a Mariuza sobre visita da mulher do ex-presidente, Marisa – também ré no processo – ao imóvel do Edifício Solaris. “Essa visita, a dona Maria Letícia estava sendo tratada pelo grupo OAS como uma possível compradora do imóvel ou a quem o imóvel já tinha sido destinado?”, questionou o representante do Ministério Público Federal.

Foi quando uma advogada interrompeu a audiência, obrigado o procurador a repetir a indagação. Foi o bastante para Cirino dos Santos protagonizar um espetáculo vexatório e rasteiro, bem ao estilo do cliente. “Fica o protesto aqui de novo, excelência.”


O juiz Sérgio Moro não deixou por menos e rebateu: “Dr. o senhor está sendo inconveniente”. O advogado prosseguiu: “A defesa não é inconveniente enquanto estamos no exercício da ampla defesa”. E o magistrado foi à tréplica: “Já foi indeferida a sua questão”, afirmou o juiz.

“Vossa Excelência não pode cassar a palavra da defesa, estamos colocando uma questão muito importante, relevante. O ilustre procurador da República está pedindo a opinião da testemunha”, rebateu o advogado de Lula, que tenta escapar de eventual condenação na base da intimidação e do deboche, algo típico do cidadão que governou o País como se fosse o puxadinho erguido no polêmico sítio em Atibaia.

Vencido o calor da discussão, a testemunha disse que Marisa Letícia era tratada pela OAS como sendo a pessoa a quem era destinado o imóvel. “É… [Marisa Letícia] tratada como se o imóvel já tivesse sido destinado [à mulher de Lula]”, respondeu Mariuza Aparecida Marques.

A defesa de Lula é comandada pelo advogado Cristiano Zanin Martins, genro do compadre de Lula (Roberto Teixeira), que tenta provar a inocência do petista no escândalo do triplex praiano.

Cristiano Martins tem o direito de alegar o que quiser em defesa do cliente, mas não pode desdenhar as provas colhidas ao longo das investigações e muito menos ignorar que o ex-presidente e ainda dono da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, está preso e pronto para falar o que sabe. Aliás, por motivos ainda não explicados a Procuradoria-Geral da República decidiu não aceitar a delação de Léo Pinheiro, sob a alegação de vazamento de informações.

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