Denúncia sem provas contra ex-ministro expõe a briga bilionária pelo controle do dinheiro do FGTS

anacristina_aquino_02Caso de polícia – O “denuncismo”, criminoso e irresponsável, está tomando conta da imprensa brasileira. Há dias, a semanal revista IstoÉ publicou matéria em que uma empresária do setor de transportes e logística afirma ter entregado uma bolsa com R$ 200 mil a Carlos Lupi, então ministro do Trabalho. A mineira Ana Cristina Aquino Caillaux foi além e disse ter pago, por meio de uma lobista, determinada quantia em dinheiro ao secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Pepe Richa – irmão do governador Beto Richa –, para facilitar a abertura, em nome do filho, de uma filial da empresa em Curitiba e forçar a montadora Renault a lhe dar um contrato de transporte de veículos.

Até o momento, as denúncias feitas por Ana Cristina continuam órfãs de provas. O máximo que a empresária dispõe, de acordo com a publicação, é uma declaração registrada em cartório, o que não significa que o caso seja verdadeiro. Até porque papel aceita qualquer coisa, inclusive os devaneios de alguém que pela proximidade com o poder acredita que tudo é possível.

O suposto caso de corrupção é mal contado e continua exalando o odor fétido de missa encomendada, mas mesmo assim o jornal “Folha de S. Paulo”, um dos maiores do País, embarcou no discurso sem comprovação de Ana Cristina Aquino. Trata-se de uma tremenda irresponsabilidade publicar uma reportagem em que pessoas são acusadas de corrupção, sem que o denunciante apresente qualquer prova documental.

O ucho.info não está a criticar um e defender outro, mas não é assim que se faz jornalismo. Se de fato a empresária pagou propina a Carlos Lupi e a Pepe Richa, por certo deve ter os extratos bancários que comprovam o saque das quantias em dinheiro. Como nenhum documento bancário foi exibido até então, as denúncias são tão vazias quanto suspeitas, não sem antes colocar Ana Cristina Aquino na mira da Receita Federal e da Polícia Federal.

A ousadia da empresária fica clara no momento em que ela diz que o atual ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), “é nosso”. Não se trata de afirmar que a Esplanada dos Ministérios é uma reunião de benevolentes e altruístas monges tibetanos, mas quem circula pelos subterrâneos do poder não faz comentários desse naipe. O que mostra que Ana Cristina Aquino Caillaux é uma estreante nas coxias da política. E por conta desse amadorismo suas denúncias não merecem crédito.

A grande questão nesse imbróglio está em uma disputa covarde e sem limites pela administração dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A disputa, que pode ser rotulada como briga de foices, acontece no Comitê do Fundo de Investimento do FGTS. O advogado João Graça deveria ser o próximo presidente do comitê, com poder para decidir sobre os investimentos do fundo, mas por causa dos interesses nada ortodoxos dos seus adversários está sendo bombardeado por parte do colegiado.

O problema maior está no fato de que João Graça é contra um investimento de R$ 9 bilhões, com recursos do FGTS, no projeto petroquímico de Itaboraí (RJ), o Comperj, sob a batuta da Petrobras. Essa manobra financeira defendida por alguns do Comitê, emoldurado por uma disputa insana e acirrada, é estranha, pois a estatal petrolífera insiste em afirmar que sua situação financeira está equilibrada, inclusive com condições de novos investimentos.

Por outro lado, a bordo de silêncio obsequioso, alguns políticos estão pegando carona nesse “denuncismo” barato que estampou as páginas de dois conhecidos órgãos de imprensa, cujos tentáculos também estão fincados na disputa pelo Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense. Não foi por acaso que a primeira publicação foi ladeada por anúncios publicitários de órgãos do governo petista de Dilma Rousseff, como Caixa Econômica Federal e Correios.

Fato é que, como destacado anteriormente, a Polícia Federal e a Receita Federal precisam investigar o caso, pois há um sem fim de irregularidades balbuciadas ao vento para dar ares de veracidade a um cipoal de denúncias sem provas. O Brasil, que vive um momento difícil e de muitas incertezas, já teve veículos de imprensa melhores e jornalistas mais responsáveis.