Dias após tensa audiência na Justiça, doleiro da Lava-Jato passa mal na prisão e é levado a hospital

alberto_youssef_02Máquina emperrada – Quando o assunto é coração, os integrantes da quadrilha que no passado era comandada pelo finado José Janene, o “Xeique do Mensalão do PT”, parecem fraquejar. Janene morreu em decorrência de grave cardiopatia, mas agora foi a vez do doleiro Alberto Youssef enfrentar problemas cardíacos. Na manhã desta sexta-feira (25), Youssef, preso pela Polícia Federal durante a Operação Lava-Jato, sentiu fortes dores no peito e foi levado a um hospital de Curitiba para exames.

Após passar mal em cela da Polícia Federal, em Curitiba, Youssef foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Santa Cruz, na capital dos paranaenses. O doleiro foi submetido a cateterismo, exame que nas próximas horas confirmará o aludido infarto e sua gravidade.

Na última terça-feira (22), Alberto Youssef participou, na condição de réu, de uma audiência pública na Justiça Federal, em Curitiba, ocasião em que foi desmascarado por uma das vítimas do esquema criminoso pilotado por Janene. Algemado, assim como seus comparsas que compareceram à audiência, Youssef desrespeitou as regras e, aos gritos, tentava dar ordens ao seu advogado.

O juiz que preside o processo da Operação Lava-Jato, Sérgio Moro, ameaçou transferir o doleiro para a carceragem do fórum caso ele continuasse a se manifestar. Mesmo assim, em dado momento, Alberto Youssef passou a acusar o depoente, o empresário Hermes Magnus, de mentiroso. Acostumado a dor ordens e ser respeitado, algo que aprendeu com o finado José Janene, o doleiro não esperava por uma acareação fora do script da audiência.

Responsável, juntamente com o editor do ucho.info, pelas denúncias que culminaram na Operação Lava-Jato, o empresário virou-se para o doleiro e, olho no olho, rebateu a acusação, não sem antes questioná-lo se negaria que lhe deu dinheiro vivo a mando de Janene, sem contar as muitas transferências financeiras suspeitas.

De honestidade a toda prova e empreendedor, Hermes Magnus é especialista em tecnologia de certificação e respeitado em todas as partes do planeta, tendo no rol de clientes as maiores empresas dos mais variados setores. Em dado momento, no afã de impulsionar o seu negócio e conseguir atender aos muitos pedidos vindos de diversos países, Magnus procurou alguém que quisesse investir em sua empresa. Foi quando lhe recomendaram a CSA Project Finance, empresa de consultoria financeira que funcionava como um dos núcleos do esquema criminoso operado por Janene e Youssef.

No momento em que percebeu que os primeiros aportes financeiros feitos na empresa não gozavam de ortodoxia, Hermes Magnus procurou o editor do site para formular as primeiras denúncias contra a quadrilha de Londrina, cidade do interior paranaense que servia como base das operações ilegais. A partir de 2009 as denúncias começaram a ser publicadas no site e sistematicamente enviadas às autoridades, inclusive ao Ministério Público Federal, que desde então investiga o caso

Alberto Youssef é acusado de comandar um castelo financeiro que movimentou R$ 10 bilhões, com incursões inclusive na Petrobras, por meio do “laboratório-lavanderia” Labogen, criado especificamente para lesar o Ministério da Saúde.

Durante a audiência judicial da última terça-feira, Youssef percebeu que sua situação não é das mais fáceis e confortáveis. Até porque é grande a chance de o doleiro passar uma longa temporada atrás das grades, uma vez que os denunciantes – Magnus e o jornalista Ucho Haddad – garantem que ainda há muitos para ser desvendado nos desdobramentos da operação da Polícia Federal.

Confira abaixo como o ucho.info saiu na frente da grande imprensa

Após alguns meses de investigação e checagem de informações, então de posse de um organograma dos crimes cometidos pelo grupo de José Janene, o ucho.info passou a publicar matérias sobre o tema, entre as quais se destacam:

Em 13 de agosto de 2009, o ucho.info publicou matéria sob o título “Lavagem de dinheiro faz o coração doente de José Janene bater mais rápido”. Na matéria ficou claro que a Dunel, única empresa brasileira a fabricar equipamentos de ensaio para a indústria eletroeletrônica, caíra em um golpe que passou pela CSA Project Finance.

Em 25 de agosto de 2009, uma nova matéria, intitulada “José Janene apela para interlocutor na tentativa de evitar condenação judicial”, não deixa dúvidas da atuação ilegal do mensaleiro que escapou da cassação por conta de manobra no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Em 21 de março de 2011, outra matéria – “Ministério Público do Trabalho caiu em esparrela de José Janene e suspendeu investigação” – mostrou que as empresas controladas pelo ex-deputado desrespeitavam de maneira acintosa a legislação trabalhista, inclusive promovendo o desvio de função.

Em 5 de agosto de 2011, uma nova matéria – “Herdeiros de Janene se surpreendem com os ‘amigos cítricos’ do xeique do Mensalão do PT” – apontava a indignação dos familiares de Janene com a descoberta de que alguns “laranjas” se apropriaram de bens do falecido mensaleiro, como o caso da conta bancária aberta no exterior e que, segundo apurou o site, tinha à época saldo de R$ 180 milhões, valor reclamado nos bastidores por alguns herdeiros.

Em 16 de abril de 2012, outra matéria – “Herdeiros de Janene podem ser desmascarados em caso de participação oculta em empresa” – revelou o descumprimento das regras de fiel depositário por parte da empresa Dunel, que Janene passou a controlar com o objetivo de transformá-la em lavanderia financeira. Mais uma vez, o ucho.info mencionou a CSA Project Finance, empresa que serviu como base para os muitos crimes cometidos pelo grupo e que acabaram investigados pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato.

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