Lógica zero – Dilma Rousseff, a presidente, não foge à regra que infesta os escaninhos da política e se mostra reveladora a cada novo dia que surge, não importando o fato de que hoje seja preciso rasgar o discurso de ontem. Isso é prática comum inclusive no Partido dos Trabalhadores, onde ela só não é considerada “cristã nova” por causa do cargo que ocupa.
O tempo tem avançado e Dilma, que não conseguiu cumprir até então as promessas de campanha, tornou-se protagonista maior de um país que é o da piada pronta. Pode parecer estranho esse tipo de afirmação que ora fazemos, mas não há como classificar de forma diferente as sandices que escorregam pela rampa do Palácio do Planalto coma chancela presidencial.
Em mensagem enviada ao Congresso Nacional na segunda-feira (4), quando foi aberto oficialmente o ano legislativo, Dilma fez afirmações que atentam contra o bom senso dos cidadãos que pensam. Afirmou a presidente que a política econômica atual é “ousada” e classificou como “imprescindível” o papel do Congresso, no momento em que as ações do governo são duramente criticadas por não terem garantido um maior crescimento da economia em 2012.
Dilma Rousseff zomba dos brasileiros ao fazer tais afirmações, pois os números, que não mentem jamais, mostram que a única ousadia do governo na área da economia é manter Guio Mantega no Ministério da Fazenda. De resto, tudo o que foi feito aconteceu fora do tempo e não surtiu efeito. A redução do IPI não garantiu o crescimento econômico, assim como a desoneração da folha de pagamento de alguns setores. A redução do IPI serviu para, no rastro do crédito fácil e irresponsável, criar uma nova classe média com 40 milhões de incautos que se atiraram no consumismo e hoje lutam contra uma pilha de carnês e faturas atrasadas.
A presidente ressalta a miopia do seu pensamento ao afirmar na mensagem que “Se o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficou aquém do esperado, fechamos o ano com indicadores que nos afastam e diferenciam substancialmente do cenário vivenciado por muitos países, inclusive os mais desenvolvidos”. Dilma, assim como a extensa maioria dos companheiros de legenda, é mais uma soberba que jamais erra. Só não pode ser considerada como oráculo do Senhor porque Nele Ela não acredita. Tanto é assim que permitiu que Lula surrupiasse o crucifixo que estava no gabinete presidencial e que é patrimônio público.
Mas a ousadia redacional de Dilma avançou, como se o Brasil fosse um enorme picadeiro com aproximadamente 200 milhões de palhaços. “Nesse momento em que a atividade política é tão vilipendiada, faço questão de registrar nesta mensagem o meu sincero reconhecimento ao imprescindível papel do Congresso Nacional na construção de um Brasil mais democrático, justo e soberano”, escreveu Dilma levada ao parlamento pela ministra Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil.
Dilma não deveria ter utilizado o vernáculo “imprescindível” para um Congresso que se vende desde os tempos do Mensalão do PT. A compra da consciência dos políticos – se é que eles de fato têm – não foi interrompida com a eclosão do maior escândalo de corrupção da história nacional, mas apenas mudou-se a forma de pagamento. Porém, falar em um país “mais democrático, justo e soberano” quando o banditismo político é prerrogativa para que alguns alarifes com mandato cheguem a postos de comando no parlamento é querer chamar o povo de idiota.
Melhor seria se Dilma Rousseff tivesse economizado papel e enviado uma mensagem curta e sucinta, afirmando aos parlamentares para que continuassem tranquilos, pois o esquema há de continuar.