Dilma Rousseff usa dois pesos e duas medidas para tratar os acusados de envolvimento com corrupção

(Foto: Revista Veja)
Dose dupla – Desde que chegou ao Palácio do Planalto para ocupar a principal cadeira do poder, a presidente Dilma Vana Rousseff tem dispensado tratamentos diferenciados nos casos de denúncias de corrupção. Ao tomar posse como presidente, Dilma prometeu intransigência ao tratar eventuais transgressões cometidas por seus ministros e colaboradores. Discurso que caiu como uma valsa nos ouvidos de um povo que não aposta no fim da corrupção.

Como sempre acontece, entre o discurso e a realidade há uma larga distância. E Dilma Rousseff não escapou dos tentáculos dessa máxima, pois não tem sido isonômica ao lidar com os assessores que ultrajam a moralidade pública.

Por ocasião do escândalo que dominou o Ministério dos Transportes e culminou com a demissão de Alfredo Nascimento, que na sequência retomou o mandato de senador, a decisão de Dilma de promover uma limpeza na pasta teve como base as denúncias sem provas sobre corrupção e a repercussão midiática do tema. No caso do Ministério dos Transportes, que envolveu também e principalmente o Departamento de Infraestrutura de Transportes (DNIT), sobraram denúncias de cobranças de propinas, a exemplo do que supostamente acontece no Ministério do Esporte.

Recentemente, após conversa com o ministro Orlando Silva Jr., no Palácio do Planalto, a presidente afirmou aos jornalistas não ser adepta da condenação sem provas, pensamento lógico e coerente, o qual o ucho.info defende, mas que estranhamente não valeu para o Partido da República. Contrariando o PR, que diante dos fatos decidiu deixar a base de apoio ao governo federal, Dilma efetivou como ministro então secretário-executivo Paulo Sérgio Passos. Os jornalistas deste site não têm procuração para defender os interesses do PR e muito menos almejam trabalhar para perpetuar a corrupção, mas é preciso cobrar coerência e isonomia ao tratar do assunto.

No caso do então ministro Wagner Rossi, da Agricultura, sua demissão também se deu na esteira de denúncias e da repercussão do imbróglio nos veículos de comunicação. Ex-titular do Ministério da Defesa, o gaúcho Nelson Jobim foi apeado do cargo por muito menos, por ter criticado integrantes da equipe ministerial. Guindado ao Ministério do Turismo por conta de uma negociação com o PMDB de José Sarney, o maranhense Pedro Novais foi demitido por causa das denúncias de estripulias cometidas por assessores. Já no caso de Antonio Palocci Filho, o tratamento dispensado por Dilma ao companheiro de legenda dispensa maiores comentários. Em relação a Orlando Silva, a presidente parece andar de lado, pelo menos por enquanto. Não se sabe se para preservar intacta sua base de apoio no Congresso ou se para fritar lenta e definitivamente o ministro do PC do B.