Divulgação da devastadora “lista de Fachin” coloca João Doria mais perto de candidatura à Presidência

As investigações da Operação Lava-Jato têm promovido, queiram ou não alguns alarifes de plantão, uma reforma política a fórceps. De igual modo, a decisão do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que autoriza a abertura de inquéritos para investigar dezenas de políticos acusados de corrupção pelos delatores da Odebrecht promove mudanças no cenário da corrida presidencial de 2018.

Até a deflagração da operação policial que implodiu o esquema de corrupção conhecido como Petrolão, fazer política no Brasil dependia de elevadas cifras, dinheiro que na maioria das vezes tinha origem criminosa. Desde então, os investimentos em campanhas eleitorais minguaram e os valores cobrados por marqueteiros simplesmente definharam. Até porque, o marketing político também gravita na órbita do binômio “oferta e demanda”.

Com a divulgação da fatídica “lista de Fachin”, que deveria ser anunciada somente após o feriado da Páscoa, muitos políticos foram obrigados a diminuir o tom dos discursos e a rever planos. No rastro da delação coletiva da Odebrecht – são 78 delatores – ao menos três tucanos foram alvejados em pleno voo: Aécio Neves, presidente nacional do PSDB; José Serra, senador por SP; e Geraldo Alckmin, governador paulista – pré-candidatos do partido à Presidência da República em 2018.

Aécio, Serra e Alckmin são acusados de receber propina da Odebrecht e serão investigados a partir de decisões de distintas instâncias do Judiciário: os dois primeiros no âmbito do STF, o último no do STJ. Além disso, Serra e Alckmin correm o risco de serem denunciados por Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor da Dersa.


Sem foro privilegiado, Paulo Preto foi citado nos inquéritos abertos por determinação do ministro Fachin contra José Serra e Aloysio Nunes Ferreira Filho (atual ministro de Relações Exteriores).O que lhe dá o direito de também ser investigado no escopo do STF Ademais, o diretor da Dersa também é acusado por delatores da Odebrecht de ter solicitado R$ 2 milhões em propina para a campanha de Gilberto Kassab em 2008.

Paulo Vieira de Souza comandava a Dersa quando a estatal paulista envolveu-se em um suposto esquema de corrupção para favorecer empreiteiras nas obras do Rodoanel Sul em troca de dinheiro para fins eleitorais, de acordo com depoimento dos delatores Arnaldo Cumplido de Souza Couto, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos Armando Paschoal, Luiz Eduardo da Rocha Soares, Roberto Cumplido, Fábio Andreani Gandolfo e Pedro Novis.

No vácuo da hecatombe produzida no cenário político nacional pela “lista de Fachin”, as próximas eleições serão palco para os chamados “outsiders”, movimento que já começou a dar os primeiros passos e ganhou visibilidade com a eleição de João Doria à prefeitura da maior cidade brasileira, São Paulo.

Doria tem evitado falar em eventual candidatura ao Palácio do Planalto, assim como proibiu assessores mais próximos de comentarem o assunto, mas tudo leva a crer que o alcaide paulistano será o presidenciável do PSB na disputa do próximo ano. Tanto é assim, que a bancada de oposição na Câmara Municipal paulistana vem se dedicando a bombardear a administração de João Doria, que continua com aprovação e elevada e fazendo críticas contundentes ao petista Lula, o dramaturgo do Petrolão.

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