Em comunicado estranho, IBGE admite “erros graves” na PNAD e afirma que desigualdade caiu

wasmalia_bivar_01Não convenceu – Depois que surgiu a notícia de Dilma Rousseff, a presidente-candidata, distribuiu material de campanha de maneira bisonha pelos Correios, sem a devida comprovação de pagamento pelo serviço, o País é tomado por mais uma notícia que coloca em xeque o grau de resistência da democracia.

No começo da noite desta sexta-feira (19), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) corrigiu dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) referente a 2013, divulgada na quinta (18). Presidente do instituto, Wasmália Bivar pediu desculpas por erros “extremamente graves” durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro.

O equívoco afetou diversos índices divulgados, como, por exemplo, analfabetismo e o índice de Gini, que calcula o nível de desigualdade social. Esse último diminuiu em vez de aumentar, como primeiramente constava na pesquisa divulgada na quinta-feira, quando foi informado que o índice era de 0,498, mas o número correto, de acordo com o IBGE, é de 0,495. O índice de analfabetismo caiu de 8,7%, em 2012, para 8,5% em 2013 – e não 8,3% como informado anteriormente.

De acordo com nota divulgada há instantes, os erros ocorreram no processo de expansão da amostra do PNAD 2013, o que provocou alterações nos resultados de sete estados: Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

“No processo de expansão da amostra da PNAD 2013, foi utilizada, equivocadamente, a projeção de população referente a todas as áreas metropolitanas em vez da projeção de população da Região Metropolitana na qual está inserida a capital”, destaca a nota.

A nota também afirma que “ao constatar esse erro o IBGE tomou imediatamente as seguintes providências: recalculou os novos fatores de expansão; as estimativas de indicadores; e refez o plano tabular, com suas respectivas precisões”.

Os resultados da PNAD 2013 e os microdados referentes às variáveis dos pesos foram substituídos e estão disponíveis no portal do IBGE na rede mundial de computadores.

Como se sabe, é cada vez maior o pavor entre os petistas palacianos diante da possibilidade crescente de Dilma Rousseff ser derrotada nas urnas de outubro próximo. Isso porque o cipoal de escândalos de corrupção pode aniquilar o PT se for descoberto e revelado à opinião pública.

Em regimes de exceção, o governo normalmente manipula dados oficiais para tentar perpetuar-se no poder e não perder o apoio popular. Em regimes democráticos, atitudes como essa são abomináveis. Mesmo diante dessa realidade, o governo de Dilma Rousseff impediu que o IBGE divulgasse, neste ano, o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). Trata-se de um estudo novo desenvolvido com amostragem e abrangência diferentes da tradicional Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que o IBGE usa para avaliar a situação do mercado de trabalho no País.

Ao impedir a divulgação da PNAD Contínua, o governo evitou que a população soubesse que a taxa de desemprego em 2013, nessa nova modalidade pesquisa, alcançou a marca a 7,1% na média nacional, que o Nordeste registra índice de 9,5%, quase o dobro do registrado na região Sul, e que 20% dos jovens nordestinos aptos para o trabalho não qualquer ocupação. Por ocasião da polêmica, a presidente do IBGE disse que seriam enormes os riscos de a PNAD Contínua ser contestada.

O anúncio do IBGE, um dia após a divulgação da PNAD, soa estranho, pois faltando pouco mais de duas semanas para a eleição presidencial o órgão descobre que cometeu erros graves. Instituição importante para o País, o IBGE não pode ter abalada a sua reconhecida credibilidade, até porque é de sua alçada o cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, e do Produto Interno Bruto (PIB). Diretores do instituto negaram qualquer tipo de pressão política para que fossem anunciados os tais erros, com a respectiva mudança dos dados, mas a declaração não convenceu.

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