Em nova crise política no São Paulo Futebol Clube, Abílio Diniz e Leco rompem parceria

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Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do São Paulo Futebol Clube, e o empresário Abílio Diniz, eram aliados, mas agora não se falam mais. Um rápido processo de desgaste, que passa pelo ex-coordenador técnico Milton Cruz e pela contratação de Edgardo Bauza, acabou com a aliança entre ambos, que estavam no mesmo lado da trincheira contra Carlos Miguel Aidar, que renunciou em outubro do ano passado debaixo de sérias acusações.

O rompimento gera mais turbulência na já tumultuada política do clube do Morumbi. Para Leco, Abílio quer mandar no clube. Enquanto isso, o empresário acredita que o presidente tricolor não cumpre a promessa de profissionalizar o São Paulo FC e de dar mais transparência à gestão.

O primeiro entrave no relacionamento entre Diniz e a nova diretoria aconteceu logo que Leco recontratou o CEO Alexandre Bourgeois, apoiado por Abílio, demitindo-o logo em seguida. Contudo, Milton Cruz é o mais importante personagem para a nova crise são-paulina.

Abílio sugeriu que Milton fosse efetivado como treinador no final de 2015, mas Leco não gostou da ideia. Então, o empresário indicou Jorginho e pediu para participar de uma eventual conversa da diretoria com o vascaíno, se a contratação fosse tentada. O presidente avaliou o desejo de participar das conversas com um treinador pretendido como intromissão na administração. Abílio por sua vez, afirmou na ocasião que só queria ajudar o presidente a avaliar o perfil de Jorginho, que foi descartado.

Abílio e Leco ainda conversaram sobre outros nomes, como o de Marcelo Bielsa. O empresário entendeu que o presidente do clube não contrataria um treinador sem ouvir sua opinião, mas soube pelos jornais que Edgardo Bauza tinha sido contratado. Só não romperam de vez naquele porque um amigo em comum tratou de colocar panos quentes.

O empresário também ficou descontente com o afastamento de Milton Cruz do cargo de coordenador técnico para cuidar das análises de desempenho do clube. Em conversa dura, em seu escritório, disse a Gustavo Vieira de Oliveira, executivo de futebol do São Paulo FC, que ele e Ataíde Gil Guerreiro, vice de futebol, estavam fritando Milton, com quem o empresário tem relação estreita.


Revoltado por entender que Milton foi injustiçado, Abílio, consultor do conselho consultivo são-paulino, se queixou com Leco. Afirmou que Gustavo e Ataíde não entendem de futebol. O presidente se esquentou e disse que não admitiria que o empresário falasse daquele jeito de seus diretores. Desde então, os dois deixaram de conversar.

Nos bastidores do clube, o presidente passou a dizer que o empresário quer Milton Cruz na comissão técnica para não perder sua fonte de informações no departamento de futebol e tentar exercer influência. Já Abílio tem se defendido dizendo a quem o indaga sobre o assunto que nunca quis ter poder no clube, só tenta ajudar.

Na última semana, Abílio Diniz criticou a diretoria de futebol afirmando que ela dificulta a auditoria feita pela consultoria McKinsey no departamento e paga pelo próprio empresário. Sobre isso, a direção nega que tenham sido colocados obstáculos e afirma que todos os documentos solicitados foram entregues.

A cúpula são-paulina encarou a afirmação como uma tentativa de atingir a administração em retaliação à mudança de cargo de Milton cruz e ao fato de o empresário não estar mais sendo ouvido antes da tomada de decisões.

Leco afirma a seus diretores que prefere ir para casa a ter que consultar Abílio sobre questões cruciais para a administração. Ele acredita que não estaria à altura do cargo se fizesse isso.
Enquanto isso, o empresário faz uma nova cruzada com conselheiros para pedir profissionalismo e transparência à diretoria, como havia feito durante a era Aidar.

Um novo round está marcado para o próximo dia 23, quando o Conselho Deliberativo se reúne para, entre outros assuntos, decidir se referenda acordo do São Paulo com a TV Globo para renovar o contrato de transmissão de jogos do time no Brasileirão. Abílio foi convidado para falar aos conselheiros. Isso significa previsão de novas trovoadas no Morumbi.

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