Enganação oficial – Com a crescente queda da popularidade, a cada vez mais frágil articulação política palaciana e os desdobramentos da Operação Lava-Jato, a presidente Dilma Rousseff utilizará o pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, no próximo domingo (8), tendo como mote a comemoração do Dia Internacional da Mulher, para sair em defesa de seu governo.
O discurso de Dilma confirma a estratégia do Palácio do Planalto de aumentar a exposição da presidente, desde que a mesma decidiu assumir o protagonismo na tentativa de diminuir a rejeição à sua administração, reverter o cenário negativo e defender a posição do governo perante a opinião pública.
Desde 2012, a presidente da República vem fazendo pronunciamentos na TV e no rádio por ocasião do Dia Internacional da Mulher e, em todas as ocasiões, aproveitou a oportunidade para mandar recados. Em 2013, por exemplo, anunciou a isenção de impostos sobre produtos da cesta básica. O do próximo domingo será o 21º pronunciamento de Dilma em um pouco mais de quatro anos de governo.
Fontes afirmam que a presidente deverá aproveitar a fala em rede nacional para defender um pacote anticorrupção, que inclui propostas que endurecem as penas de funcionários públicos que tiveram enriquecimento ilícito e confiscam os bens advindos da corrupção. A presidente também aproveitará a oportunidade para sair em defesa do ajuste fiscal implantado pela equipe econômica e justificar a importância das medidas para a população.
O governo vem enfrentando forte resistência da oposição, de centrais sindicais e até mesmo da base aliada para conseguir aprovar mudanças nas regras de concessão de abono salarial, seguro-desemprego, seguro-defeso, pensão por morte e auxílio-doença.
Apesar das medidas onerosas para a população, o Palácio Planalto insiste que as medidas não cortam direitos trabalhistas, mas, sim, corrigem distorções e ajudarão no equilíbrio fiscal.
Dilma também deverá usar o pronunciamento para insistir na mensagem de que o Brasil tem fundamentos sólidos na economia para o enfrentamento da crise e iniciará um novo ciclo de desenvolvimento, com geração de emprego e renda, em contradição ao que afirmou o boletim Focus, do Banco Central, na última segunda-feira (2), que mostrou a piora na previsão de economistas com o desempenho do País em 2015. A expectativa de retração do PIB passou de 0,5% para 0,58% em uma semana, o que seria a pior recessão dos últimos 25 anos.
Depois da campanha nas últimas eleições, e os atos, já eleita, totalmente inversos às promessas, a presidente ficou totalmente sem credibilidade perante todos os brasileiros, seus eleitores ou não, e esse pronunciamento dificilmente vai amenizar as mobilizações contra o governo programadas em todo o Brasil para o dia 15 de março. Veremos! (Por Danielle Cabral Távora)
