Enquanto autoridades perdem a guerra contra o crime, o Brasil precisa ser reinventado às pressas

Mundo da lua – Certo está o jornalista José Simão quando afirma com insistência que o Brasil é o país da piada pronta. E não há como contestar o colunista do jornal “Folha de S. Paulo”. Na terça-feira (19), o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, foi à Câmara dos Deputados para pedir aos parlamentares celeridade na aprovação dos projetos da área de segurança pública.

Se por um lado a atitude de Cardozo é necessária, porque o Legislativo costuma ser modorrento, por outro é estranha, pois não faz muito tempo o então presidente Lula lançou, com a pirotecnia de sempre, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que à época teve a petista Ideli Salvatti como gazeteira oficial e cujo objetivo era reduzir a criminalidade no País. Mas até agora o alardeado Pronasci não produziu qualquer resultado efetivo.

O combate ao crime não se dá com projetos populistas e muito menos com discursos de ocasião, mas com ações planejadas e medidas de longo prazo e que envolvam o tema como um todo. De nada adianta usar o combate à criminalidade como ferramenta de campanha, porque a realidade que é balbuciada no palanque é muito diferente da enfrentada pela sociedade.

Como primeira medida é preciso adotar o fim da impunidade, algo que se alastrou pelo País depois da chegada de Lula ao Palácio do Planalto. Os inúmeros casos de corrupção e a não punição da extensa maioria dos envolvidos passou à população a ideia de que tudo é permitido nesse país que vive entre um amontoado de leis que não funcionam. E quando alguém decide aplicá-las surge um incauto querendo desautorizar o agente do Estado.

A falta de competência do governo federal para resolver o problema social, a maior chaga brasileira, é tamanha, que governos estaduais já apelam a soluções bizarras para enfrentar os criminosos. Em São Paulo, maior e mais importante cidade brasileira, o governo do tucano Geraldo Alckmin certa feita aconselhou os motoristas a não dirigirem seus carros com os vidros abertos, como forma de reduzir o número de assaltos, principalmente nos semáforos e congestionamentos. Mas isso pouco resolve, porque os marginais aproveitam o trânsito parado, quebram os vidros dos veículos e com o corpo sobre o o do motorista levam o que encontram pela frente. Fora isso, a capital paulista tornou-se palco de contínuos arrastões a restaurantes, bares e condomínios.

Na Bahia, o governo do petista Jaques Wagner sugeriu recentemente aos baianos que saiam de casa com algum dinheiro no bolso para atender às necessidades dos ladrões. Na Paraíba, o governo do socialista Ricardo Coutinho parece ter buscado inspiração no saudoso sanfoneiro Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que em música que leva o mesmo nome do estado nordestino canta “muié macho, sim senhor”.

Somente esse detalhe musical pode explicar a sandice do governo de Coutinho, que sugere à mulher paraibana que, para evitar assaltos, faça “cara de brava”, “franza as sobrancelhas” e “fale alto consigo mesma”. É melhor não comentar para evitar que o oficial de Justiça tenha o trabalho de nos citar.